domingo, 25 de novembro de 2012

Nunca Desistas dos Teus Sonhos...

        Penso pertencer, desde que nasci, ao lote de pessoas deste mundo, bafejado pela sorte... Não sei o que o meu futuro me reserva, não sei se vivo outros 40 e tal anos ou mais uns dias nesta vida terrena... Apenas sei que tenho um anjo da guarda que me acompanhou até aqui... Apenas sei que tive a sorte de nascer na melhor família do mundo e, mais tarde encontrar a melhor mulher do mundo e concretizar um projeto de família, guiado pelo Amor, respeito e todos os valores que nos foram transmitidos ao longo de gerações.
       Todos me ensinaram e ensinam a cada dia que passa... Bisavós, Avós, Pais, Irmã, Tios, Padrinhos, Querida Esposa e as minhas queridas filhas... Ensinam-me a acreditar que qualquer sonho é concretizável. Vivo hoje o meu grande sonho de vida, embora, como ser humano que sou, e apesar de ter a sorte de ter todas as faculdades visuais, por vezes não tenho olhos para o ver. Desde pequenino que sonhava em crescer, ter um lar, partilhado com aquela mulher de beleza ímpar (interior e exterior) e encher esse lar com o AMOR dos nosso filhos, fruto do nosso! Era este o grande sonho!
        Comecei a me enamorar muito cedo. Lembro-me de me enamorar, logo no "Kindergarten", por uma miúda que se chamava Heather... lá na St. Joseph´s School. Olhando as estrelas à noite, ajudava-me a projetar o meu sonho e imaginar como seria... Infelizmente, as luzes de Yonkers, ali muito próximo de Manhattan, apenas me deixavam ver o brilho de algumas estrelas. Por isso, quando vim morar para os Açores, enamorar-me passou a ter muito mais sentido. A Via Láctea via-se com uma nitidez incrível e aqueles milhões de estrelas visíveis, davam muito mais sentido ao meu sonho! Enamorei-me secretamente, várias vezes... guardava aquele sonho só para mim e raramente partilhei-o com aquela miúda linda que não me saía da cabeça. Deixava que as estrelas me dissessem o resto! Muitas estrelas deixaram de me falar, mas houve uma que nunca me abandonou até ao dia que subi ao altar, naquela manhã chuvosa de Agosto de 1996. Nunca me deixou desistir do meu sonho! Hoje mantém-se a cintilhar, apesar de permanecer em silêncio. Guarda aqueles sorriso e olhar, que me fazem lembrar os de minha avó Luzia, no dia do meu casamento. Não os descreverei aqui, porque por mais que me esforce para explicá-lo, nunca o conseguiria descrever!
        Foi o sonho de uma vida... e estou a vivê-lo!!! Minha avó Conceição dizia, que apesar de pobre, os tempos que viveu com o seu marido e com os filhos, foram os melhores da sua vida... depois tudo se foi apagando... Isso só me leva a concluir... Há que aproveitar ao máximo este sonho que vivo!
        Este foi, sem dúvida o grande sonho estruturante da minha vida. Sonhei muitos outros sonhos. Aprendi que temos dois tipos de sonhos: aqueles que nos preenchem enquanto seres humanos, alimentam a alma e o espírito e são a nossa razão de viver (estruturantes de vida)... e aqueles relacionados com os bens materiais, que nos preenchem o ego momentaneamente, mas que o prazer de os concretizar, não passa dos primeiros dias. Por exemplo, sonho ter um carro novo... o prazer dos primeiros dias entra em "fade out" e passados uns dias não passa de um simples meio de transporte.
        Aprendi a não desistir de nenhum deles e deixei-os entrar na minha vida, embora a tentação dos 2ºs predominarem, esteja muitas vezes presente... Meus pais ensinaram a acreditar em mim e a lutar pelas coisas, ajudando os outros e aceitando ajuda. Ensinaram-me a contemplar o prazer do próximo quando concretiza um sonho. Ensinaram-me que os sonhos são genuínos e nunca os podemos roubar aos seus donos. Ensinaram-me que na vida há aqueles que lutam para concretizar seus sonhos... e aqueles que passam a vida preocupados com os sonhos dos outros, e não conseguindo genuidade nos seus, tentam concretizá-los, atropelando e desrespeitando o próximo e a si. Ensinaram-me a não ter inimigos, nem mesmo os que nos tentam roubar os sonhos ou a atropelá-los. São apenas pessoas a precisar de ajuda, porque ainda não descobriram que têm a capacidade de sonhar. Ensinaram-me a focar nos meus sonhos, sem me preocupar com a minha imagem ou no que os outros pensam de mim. Ensinaram-me a fazer parte dos sonhos, daqueles que sonharam comigo, e a dar o meu contributo para que se concretizem. Ensinaram-me...
        Acreditemos todos nos nossos sonhos. Lutemos por eles. Respeitemos os sonhos dos outros quer façamos parte deles ou não!
        Vivo hoje o grande sonho da minha vida! E tu, estás a viver o teu? Provavelmente estás... mas terás, tal como eu, de "fechar os olhos para o ver"! Depois... depois é só descobrir qual a nossa estrela, no meio do nosso universo, que nos apresenta aquele olhar e aquele sorriso indescritível.
       
       

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Relatividade do Tempo e do Espaço

        O tempo e o espaço são inversamente proporcionais à nossa idade. Lembro-me  dos meus primeiros anos de vida, estar  a olhar para as movimentações das traseiras do quartel de bombeiros de Yonkers, Nova Iorque (paredes meias com o nosso quintal), da janela da nossa cozinha, lá do 1º andar do 2 Ritters Lane. Tudo parecia tão longe, tudo parecia tão distante, tudo parecia tão alto. Conseguia, em criança, transformar minutos em horas, horas em dias e dias em anos... Havia um mundo por descobrir e num minuto 1001 descobertas eram feitas... tudo feito com tempo. Cresci... Com dezasseis anos tive a oportunidade de regressar à mesma janela... Tudo parecia tão perto, tudo parecia tão pequeno... Devo ter estado uns 15 minutos a matar saudades e a reavivar memórias... Na realidade, pouco já havia a descobrir e o tempo que lá estive pareceram segundos. É como encontrar diferenças em duas imagens idênticas (jogo das diferenças). A primeira vez que as procuramos podemos demorar um bom punhado de minutos. Depois de as descobrirmos tudo passa mais rápido.
        Será que este acumular de experiências e descobertas, fazem com que o tempo nos fuja e o espaço se torne cada vez menor e tendencialmente insignificante? Será esse o motivo que leva o ser humano a ter a necessidade permanente de transformar o seu mundo? Quando não há mudança ou quando existe e é feita em desequilíbrio (sem respeitar a essência do ser humano e a natureza)... o tempo e o espaço deixam de existir ou de fazer sentido, o que leva muitos, a procurarem uma nova morada! Se fizermos da nossa morada, o coração do próximo, o tempo e o espaço, enormes ou minúsculos, tornam-se belos, porque a verdadeira tranformação e mudança acontece dentro de nós! Só tenho pena de pertencer a uma espécie que no seu ADN tem inscrito genes que trabalham incessantemente para que isso não aconteça!
        Por tudo isto e o pelo extraordinário ser humano que foi e é (porque ainda vive), Albert Einstein é um dos meus mestres de vida. A Teoria da Relatividade foi uma revolução científica com a explicação desta relatividade do tempo e do espaço."O tempo pode passar mais rápido para uns e mais devagar para outros. Quando um corpo está em movimento, o tempo passa mais lentamente para ele." (in http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-e-a-teoria-da-relatividade).
        Por vezes penso: será por isso que a maioria dos homens (género masculino) gostam de velocidade, para que o tempo passe mais devagar?:))) As mulheres, por sua vez, têm pressa que as coisas aconteçam ("Oh Manel, quando é que me arranjas isto, ou aquilo")... Claro, estou a brincar, mas na realidade, o facto do ser humano ter o par de cromossoamas sexuais XY ou XX, interfere em muito, na maneira de encarar o tempo e o espaço. Aquela perninha a mais no cromossoma X, faz uma diferença dos diabos.
        É extraordinário como o tempo e o espaço, para os quais inventámos unidades de medida para os medir, podem variar de pessoa para pessoa. Assim sendo, não será o palmo tão ou mais válido do que as unidades do sistema métrico?

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Encontro com os Tubarões

        O Mundo é demasiado pequeno para alguém falar em coincidências. Reconheço que isso é uma realidade, mas não consigo deixar de afirmar "Há coincidências do caraças!" ou no mínimo, há episódios da nossa vida que nos parecem incríveis e nos levam a questionar "será que foi coincidência"? Hoje deixo-vos com um desses episódios, que me levou a viajar pelos confins das minhas memórias perdidas.
        O meu amplificador AV avariou há cerca de um ano. Adoro curtir o som de um bom CD, como é o caso deste preciso momento, ao escrever com o som do album "Clapton Chronicles - The Best of Eric Clapton". Na altura da avaria, desmontei o aparelho e descobri vários componentes queimados. Ferro de soldar e lá substitui os componentes. Funcionou bem durante alguns meses, mas voltou a ter problemas. Teria de substituir uma placa que não era muito barata. Com a crise e a troika, comprar um novo estava fora de questão. Arrisquei procurar no mercado de usados (OLX) e desde setembro último que andava de olho num aparelho da Yamaha, tendo-o negociado e trocado vários e-mails com o seu proprietário.
        Passados dois meses, numa das minhas viagens madrugadoras a Lisboa para deixar minha Tia no aeroporto, arrisquei ligar ao proprietário para ver o amplificador. Combinámos às 8 da manhã. Cheguei ao local combinado, e ele, do seu apartamento, foi dando as indicações até chegar à sua porta. Toquei à campainha, subi o elevador... Quando o dono do amplificador abriu a porta... nenhum de nós podia acreditar... Passado quase um quarto de século, dois amigos voltavam-se a encontrar. O dono daquele amplificador era o meu amigo de infância e de juventude, o Pedro, que todos os anos ia passar as suas férias de Verão aos Açores (terra Natal do Pai), naquela mágica localidade, chamada Arcos, ali mesmo à beirinha do Meu Querido Mar. Foi um momento deveras mágico, talvez pelo número de primaveras que já se passaram e pelos cabelos brancos que já temos. Reavivámos muitas memórias e trocámos milhões de sorrisos. A vida realmente passa num sopro... Tudo passa tão depressa...
         Um dia o Pedro quis experimentar uma sessão de caça submarina. Combinámos um mergulho com saída dos Arcos com chegada ao Cabrito (a cerca de 2 kms de distância). Era final do dia, o estado do Mar apenas deixava "arrear" ou "varar" ali, por "Detrás da Baixa"(Arcos) ou no Cabrito. Nada que já não fosse rotineiro, pois naquela costa escarpada (ver http://serounaoserverdade.blogspot.pt/2012/08/os-meus-guardioes.html), quando o mar tem um "reboiço", não existem muitas opções. Equipámo-nos. O Pedro, o meu amigo e companheiro de mergulho, Jorge Freitas, e eu. Saltamos na água. Fomos apanhando uns peixes. Quando chegámos à zona do Caminho do Limoeiro grande parte dos peixes de maior porte deixava-se apanhar com relativa facilidade, sinal de que existia algum predador (e não éramos nós, pois eles podem fugir porque nadam melhor que nós) por perto que os atacaria pelas vibrações de movimentos bruscos. Mergulhei e arpoei uma "veja" e por detrás de mim lá passou, nas suas calmas, um tubarão. Nada de especial, era apenas mais um dos muitos que já tinha visto. Contudo, o Pedro que não estava muito habituado aquelas andanças, viu o seu coração disparar... Eu e o Jorge conseguimos acalmá-lo por momentos, pois teríamos de nadar mais de 1 km se quiséssemos sair da água. Apanhámos mais uns peixes no local e fomos até à zona da Ermida do Cabrito. De repente começaram a surgir mais e mais tubarões que começaram a ficar nervosos com a vibração dos peixes que pendiam nos arcos fixos às bóias. Começaram a passar por nós como relâmpagos. 10, 20, 30, enfim... já começavam a ser muitos. A noite já começava a cair e a maré corria com muita força para vazante (no sentido São Roque-Faial) e estávamos com alguma dificuldade em continuar no sentido do Cabrito. Decidimos regressar ao ponto de partida. Chegámo-nos o mais possível para junto da costa e da rebentação. Os tubarões seguiram-nos até às "Lajinhas" sempre a fazer "razias" e nervosos com toda aquela comida que vibrava nas nossas bóias. Decidimos nunca deixar o peixe que tínhamos capturado. Foi a primeira vez que tinha visto tão grande cardume de tubarões e tão nervosos. Para o Pedro, foi um dia que jamais lhe sairá da memória e provavelmente o último de caça submarina na sua vida.
        Nesse dia à noite, o Jorge, o meu companheiro de mergulho, contava na Tasca do Luís, o nosso encontro com os tubarões. Luís (não o dono da Tasca), um mergulhador experimentado, disse que toda aquela história não passava de uma fantasia do Jorge, dizendo-lhe, no gozo, que tínhamos confundido umas garoupinhas com tubarões. Jorge convidou-o para um mergulho no local no dia seguinte. Veio à minha adega combinar o mergulho. No dia seguinte, apesar do Mar estar mais bravo, lá entrámos por "Detrás da Baixa". Chegado ao local, mergulhei a um buraco e quando esperava um sargo para o tiro, passou mesmo ao meu lado um tubarão Mako (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tubar%C3%A3o-mako), já com um tamanho considerável. Lá em baixo conseguia ouvir as vibrações das cordas vocais do Luís a gritar. Quando subi o Jorge dizia-lhe a rir... "Então Luís... com que então são umas garoupinhas?". Luís não se sentia nada confortável com a situação. Não podia ir para Terra, pois naquele local seria morte certa devido às escarpas e à rebentação das ondas. Deixou logo atrás o seu peixe. Os tubarões começaram a surgir em grande número na zona. Eu e o Jorge aproveitámos o belo dia de peixe e a calma do peixe (para não permitirem a sua localização pelos tubarões). Bela pescaria que já tínhamos.
        Decidi ir um pouco mais fora atrás de umas "bicudas". Passados uns minutos ouvi grandes gritos. Fui ao encontro de Jorge e Luís. Um tubarão decidiu atacar o peixe que estava na bóia do Jorge. Traçou uma "veja" e abriu o arco do peixe. Com o peixe desventrado e espalhado, estava-se a proporcionar um excelente banquete para aquelas dezenas de tubarões. Começaram novamente a ficar muito nervosos e a nadar velozmente com investidas para se alimentarem dos peixes moribundos. A imagem que não me sai da cabeça é a daqueles olhos azuis arregalados de Luís e a gritar: "Deixem-me ir para terra! Vou e "esgadanho" pela rocha acima". Conseguimos segurá-lo e não deixá-lo fazer tamanha loucura.
        Continuámos a nadar até ao Cabrito. O Jorge perdera grande parte do seu peixe e decidira deixar toda a pescaria para trás, para ver se os tubarões nos deixavam de acompanhar. Eu jamais poderia deixar para trás aquela minha bela pescaria. Dois dos tubarões maiores e mais calmos, decidiram escoltar-nos. Íamos os 3 lado a lado, com o Luís no meio. Um desses tubarões deu a volta e vinha de frente na nossa direção. Apontei-lhe o arpão à cabeça, mas a última coisa que queria era dar-lhe um tiro, pois a suas vibrações com certeza que chamariam os tubarões novamente e a probablidade da coisa correr mal era quase de 100% (com a perda da minha arma). Quando se aproximou demasiado dei-lhe com a coronha da arma na cabeça e ele divergiu por baixo de nós. Aquela "coronhada" parece que o assustou um pouco, pois não voltou a aproximar-se de nós.
        Quando chegámos à "Laja do Risco" (Cabrito), local que costumamos "varar" quando o mar está mais calmo, o Luís não conseguia aguentar mais com tanta "emoção". Convenceu o Jorge a subir para terra. No local não era nada aconselhado, com a ondulação que estava. Nadaram como desalmados para dentro, sem ver se vinha ondulação ou não. Ainda gritei para que esperassem um pouco, mas não me quiseram ouvir. Uma onda arrastou-os até terra, tendo perdido as máscaras de mergulho e outro equipamento. O Jorge conseguiu agarrar-se a uma rocha. O Luís deitou-lhe uma mão à perna para se segurar e o Jorge com os nervos, por momentos pensou que era a boca de um tubarão. Soltou um grito ensurdecedor. Com muita sorte lá conseguiram sair da água, apenas com algumas escoriações. Depois de alguma espera, lá consegui sair da água...
        O Luís, homem experimentado na caça submarina, dizia que uma das melhores coisas que fazia na vida era a prática de caça submarina. A partir desse dia... nunca mais quis ter esse prazer!
       Ah... ok... e já agora... informo que acabei por ficar com o amplificador Yamaha do qual estou a ouvir Eric Clapton... Foi o primeiro aparelho eletrónico que comprei com a garantia e o selo da amizade! Abraço ao Pedro!