sábado, 22 de dezembro de 2012

Investimento de 2/3 da Sua Fortuna no Sorteio de um Cabaz de Natal

        Pertenço há grande Família chamada Humanidade. Desta Gigantesca Árvore, a parte que me é mais querida e a quem devo a minha existência, bem como grande parte dos meus fundamentos e alicerces, é sem dúvida às Raízes, às minha Raízes. Um dia apaixonei-me por um outro ramo desta árvore... Entrelaçamo-nos e dessa união e desse amor, brotaram novos ramos.
        Já não basta toda a sorte que tenho tido, pela Mãe Natureza ter me escolhido para fazer parte destas partes estruturais da Árvore, mas a sorte de ser acolhido por muitos mais ramos da Humanidade. Amigos, colegas de trabalho... enfim... muitos mais ramos...
        Hoje falo de um episódio que aconteceu na copa de um desses ramos, do qual tenho a sorte de fazer parte desde Março passado. A minha filha inscreveu-se no Santarém Basket Clube e começou a dar os seus primeiros passos como atleta. Depressa descobrimos, que nesta Família, e nomedamente no grupo feminino de Sub12 / Sub14, o "Basket" é apenas um elo de ligação a muitos outros valores que nos devem guiar e orientar na vida, graças a três treinadores extraordinários e a um grupo de pais fantásticos. Para a minha filha, o "basket" e a melhoria da condição física foram sem dúvida muito importantes, mas acima de tudo foi o facto de pertencer a um grupo, onde não há o mais forte... nem o mais fraco... mas sim uma equipa de muito trabalho e de apoio mútuo, onde as condições psíquica e social são trabalhadas acima de tudo!
        O Clube passa por muitas dificuldades e só esta dedicação em torno dos nossos jovens tem permitido a sua sobrevivência. Apoios prometidos que não chegam... a Troika e as políticas que vivem reféns dos "cifrões"...  a ausência de respeito pela Árvore Humanidade... aos poucos extraem a alma e o brilhozinho dos olhos de cada criança que pretende desabrochar e crescer! Os pais e o Clube contrariam a todo o custo esta tendência! Levam suas filhas 3 vezes por semana aos treinos, levam-nas aos jogos, mesmo que se realizem em "cascos de rolhas"... Em cada jogo aguardam em fila na bancada pelas suas queridas atletas e pelos treinadores para que passem ainda dentro do campo para o "give me five", um cumprimento de apoio e amor, um laço que nos une!
        Como forma de comemorar e celebrar este ramo vivo da árvore, neste final de ano, várias iniciativas tiveram lugar:
- No passado dia 19, o Clube organizou um encontro de atletas e pais no Polidesportivo Municipal de Santarém. Pais jogaram contra filhas e descobriram o peso da idade, mas acima de tudo, abraçaram este projeto de educação pelos seus filhos... deram mais um abraço à vida de cada uma daquelas crianças e jovens. No final um momento de partilha e degustação...
- Dia 20 foi o jantar do Grupo de Sub-12/Sub-14. Para ajudar este grupo no apoio prestado ao Clube, decidiu-se fazer um sorteio de um Grande Cabaz de Natal neste dia, após a venda de rifas por elementos desta Família. As atletas venderam algumas centenas de rifas...
 
        ... Um grupo de atletas andou pelas ruas de Santarém a vender. Abordou um grupo de senhores engravatados para que comprassem umas rifinhas... Com ar de desdém recusaram-se a contribuir... No mesmo jardim, falaram com um Sem Abrigo que lhes disse que aquela gente apenas pensa no seu umbigo e nunca ajuda ninguém. Disse-lhes que pretendia ajudar... Levou sua mão ao bolso e contou os trocos que lhe sobravam. Contou cerca de um euro e meio... Perguntou se era possível comprar apenas uma rifa. As atletas ficaram sem palavras, mas perante a insistênsia do Sem Abrigo, decidiram vender-lhe a rifa. Aquela pessoa maravilhosa, pertencente à Nossa Família Humanidade, acabara de investir dois terços da sua fortuna, na ajuda à formação de jovens...
        Foram centenas de rifas vendidas... e no dia do sorteio (dia 20 de Dezembro), como de um momento de magia e de um conto de Natal se tratasse... a rifa foi sorteada àquele rosto Sem Nome, mas com um coração enorme e com a infinita missão de contribuir para fortalecer a Árvore Humanidade! Obrigado "Senhor do Jardim", por nos dar uma grande lição de vida...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

"Quando a Chuva Passar"



        Há dias que a chuva entra na nossa vida... A nossa vista não consegue alcançar o horizonte... O céu está negro... O sol ausente... O negrume das nuvens parece invadir-nos...
        Curioso... se por momentos fecharmos os olhos, e olharmos nossa beleza interior, conseguimos perceber que o negrume está apenas no exterior. Se não estivermos sós e tivermos a sorte de ter por perto alguém que nos é querido, e se procurarmos "nossa beleza refletida nos olhos do próximo", aí todo o negrume deixa de ser negrume e passa a ser esperança... passa a ser vida...
        Afinal, a vida só existe porque a chuva (água) existe! Tenho tido sempre a sorte de, na vida, ter sempre perto de mim, alguém que me dá sentido àqueles momentos em que estamos na "mó debaixo" da vida! Basta esperar que a chuva passe e renascer em cada chuvada que acontece na nossa vida!
 
        Deixo-vos com "Quando a Chuva Passar" de Ivete Sangalo.
        Se os teus olhos não conseguem ver o sol que vem de dentro de ti, procura tua beleza nas pessoas que te são mais queridas.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Impostor

        Existem aquelas palavras que têm um sentido ou significado diferente do que aquilo que aparentam ter. A palavra "Impostor", à primeira vista (e para quem nunca ouviu falar dela) parece ter um significado relacionado com a palavra "imposto", "alguém que cria e cobra impostos"!
        Fui ao dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (2008) confirmar o significado: "1 que ou aquele que usa de impostura; embusteiro; charlatão; 2 simulação daquele que se faz passar por quem não é; mentiroso; 3 vaidoso; hipócrita; 4 caluniador; 5 propagandista de falsas doutrinas (Do lat. impostôre)".
        Haverá alguma ligação entre o verdadeiro significado de "impostor" e aquilo que a palavra aparenta ser?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Alguns Princípios da Educação... Alguns Princípios de Vida...

        No mês de Julho de 2012, pediram-me para ser orador no encontro "Desenhar o Futuro de uma Forma Participada" (que se realizou na minha escola) e exercer a dificílima tarefa de falar em nome dos professores do agrupamento. Sem dom da palavra e com um enorme stress, sempre que tenho de falar em público, lá tentei dar o meu contributo. Como tudo o que é escrito acaba por se desvanecer, se não for experimentado pelos nossos 5 sentidos e entranhado nos sentimentos, deixo-vos com a reflexão que me pediram que fizesse sobre o encontro... Pode ser que haja alguém por aí que o queira experimentar e contribuir para a sua imortalidade!



""Preciso conselhos, direcções, preciso «conhecer-me a mim mesmo» - para perseverar e desenvolver o bom, evitar o mau, ou modificá-lo e disfarçá-lo: Mas há lá coisa mais difícil? Que se conheça a si mesmo - o homem que não tira os olhos de si mesmo, é quase impossível: anquilosa-se a gente num certo feitio moral, de que não sai." (in Correspondência, Eça de Queirós).

            Raramente atingimos um verdadeiro estado de autoreflexão, de autoavaliação e de verdadeira introspeção. Não existe melhor forma de crescer senão “olhando para dentro”, reconhecendo e corrigindo o que vai mal e melhorar o que vai bem. O momento/encontro “Desenhar o Futuro de uma Forma Participada” é dos mais nobres que uma Escola pode fazer, contudo, não pelo momento per si, mas pelo que será possível corrigir e melhorar a partir daqui.

            Foram três dias riquíssimos, com uma visão abrangente da Educação, levando os participantes a refletir sobre o seu contributo para a arte de marear nesta Nossa Querida Barcaça. Pena foi a falha de dois oradores, defraudando muitas das expectativas dos participantes, devendo haver, na organização destes eventos mais cuidado na confirmação dos oradores dos diferentes painéis.

            E agora? O que fazer a partir daqui? Que Escola Queremos? Que rumo queremos? Que rumo o nosso Diretor (Homem do Leme/Timoneiro) quer? Penso que esta última questão é a primeira que deve ser esclarecida para todos os mareantes da barcaça, desde o cozinheiro ao operador de velame. Não será possível cada marinheiro querer o seu rumo… Será muito importante o Homem do Leme dizer e esclarecer qual o destino e por que mares pretende e acredita navegar. Ao contrário do que disse o orador José Miguel Oliveira , por vezes será importante desviarmos de sentido, para desviarmo-nos de alguns ventos e marés e procurar os favoráveis:  Não existe vento favorável para o marinheiro que não sabe aonde ir.”(Séneca)

A partir do que o Homem do Leme quer e acredita, é possível negociar uma gestão participada. Não fará sentido o Homem do Leme seguir um rumo que não quer ou não acredita. A partir daqui, é possível estabelecer consensos.O consenso é a negociação da liderança.” (Margaret Thatcher). Muitas vezes "a liderança é a capacidade de conseguir que as pessoas façam o que não querem fazer e gostem de o fazer." (Harry Truman). Depois de estarem todos os marinheiros em sintonia, há que construir, em conjunto, a carta de marear (Projeto Educativo) com ações concretas, de forma a que ninguém a perca de vista. Assim, todos saberão para onde ir. "Se você não sabe para onde vai, todos os caminhos o levam para lugar nenhum." (Henri Kissinger).

Agora sim… carregada a barcaça com o material indispensável, ela está dotada de marinheiros convencidos de uma viagem comum. Nestes marinheiros está o potencial humano, a essência de qualquer viagem. Todos são imprescindíveis, cada qual com a sua função. Agora sim… podemos falar de colaboração… Toda e qualquer manobra do Homem do leme, será acompanhada por uma ação correspondente dos homens do velame. Existirão muito menos marinheiros a fazer ações contrárias (porque esses sempre existirão) ao estabelecido, em grupo, na carta de marear, contudo com o tempo, também abraçarão a viagem. Agora sim… temos uma verdadeira barca colaborativa… Agora sim, navegamos lado a lado, sabendo que temos um Homem do Leme que nos guia. "Para os homens, ter um guia é tão fundamental como comer, beber e dormir." (Charles de Gaulle).

Penso que em Educação, o destino de qualquer barcaça, é sempre o Sucesso Educativo dos nossos queridos alunos, preparando-os para a vida, tornando-os cidadãos responsáveis, ativos e interventivos, de forma a que cada um consiga mudar “os bocados de mundo que estão à sua guarda” (Idália Sá Chaves). O saber dos compêndios, não é o único saber a transmitir. É muito importante ensinar a “saber ser” e a “saber estar”. Temos essa grande missão pela frente, pois é, a meu ver, o ponto fraco da nossa Escola. Não me conformo com os sinais da falta do “saber ser” e do “saber estar”. Não me conformo com o barulho infernal nos corredores (se os alunos soubessem estar, nunca precisariam de uma assistente operacional). Não me conformo com a lixeira que se torna o chão da nossa Escola em cada dia que passa. Não me conformo com os inúmeros “Jornalinhos” que encontro no lixo ou espalhados e rasgados, à saída da nossa Escola, no dia que são distribuídos gratuitamente. Não me conformo com a falta de respeito pelo trabalho do próximo, como destruição de canteiros, de plantas, de exposições… Não me conformo com a destruição constante do mobiliário e dos materiais. Não me conformo entrar na nossa escola e olhar o abrigo da paragem do autocarro completamente escrito e danificado, um péssimo cartão de visita. Apenas… não me conformo… e terei de dar muito mais de mim…

Os caminhos e os mares a navegar poderão ser muitos. Poderão existir milhentas cartas de marear. Contudo, existem princípios que jamais abdicarei, princípios que os nossos egrégios avós nos ensinaram, princípios que a nossa história e a nossa cultura cunhou e que muitas vezes são esquecidos. Meus pais passaram-me esse testemunho e é meu dever mantê-lo vivo. Independentemente das inúmeras viagens que faço na vida, cada uma é guiada por esses princípios. Seja na vida familiar, seja na direção de uma escola, seja na direção de uma turma, seja na arte de ensinar… são esses os princípios que me têm guiado. É incrível a simplicidade dos mesmos. É incrível como tudo passa a fazer sentido. É incrível como que, com estes princípios, conseguimos ver “nossa beleza refletida nos olhos do próximo”(Rubem Alves). Se estivermos sós nunca a veremos. Esta é uma autoavaliação contínua… quando conseguimo-nos ver nos olhos do próximo… Tenho tido a sorte de trabalhar com pessoas fantásticas (alunos, encarregados de educação, auxiliares, colegas professores…) que me dão essa visão. Acredito, sinto e vivo a reciprocidade da mesma. Raramente partilho essas visões. Guardo-as para mim, porque são aquelas que me fazem sentir uma vontade imensa de viver. No último Inverno, durante as minhas constantes noites de insónias, decidi abrir a minha mente para o mundo (através da criação de um blog), partilhando fragmentos da minha vida que hoje considero incríveis, criados pelas pessoas próximas. Deixo aqui apenas um desses fragmentos, com comentários de uma comunidade educativa com quem tive a sorte, um dia, de partilhar a mesma carta de marear (http://serounaoserverdade.blogspot.pt/2012/02/projeto-escola-da-faja-da-ovelha-eb-123.html)… tudo guiado por alguns princípios que passo a citar:

1º - Todos somos imprescindíveis, individualmente e colaborativamente. Alunos, encarregados de educação, professores, assistentes operacionais, órgãos de poder local… ninguém pode ficar de fora na construção da carta de marear e da barcaça. Todos têm um bocadinho de mundo para transformar. Todos são líderes de um pedacinho de mundo. Se cada um transformar o seu bocadinho tudo será mais fácil. A Natureza estabeleceu hierarquias. Numa organização elas sempre existirão. Uma sequência de líderes que devem agir em equilíbrio entre a razão e o coração. Assim, "a execução da autoridade vai-se esbatendo com o tempo e com a empatia que se cria. Uma pessoa chega e mostra quem é e o que pode fazer, afirma-se e estabelece regras. A liderança toda a gente deve senti-la e ninguém a ver." José Mourinho.

2º - Libertarmo-nos da Burocracia e da Regulamentação, passando-a para 2º plano. Se agíssemos apenas com o coração em respeito pela condição humana, nunca precisaríamos de leis nem de papéis. Os papéis servem apenas como meio de prova, como evidência, para inspetor ver. Se não está no papel, não foi feito… Coloca constantemente em causa a nossa idoneidade. Na memória humana ficam gravadas as ações, sobretudo aquelas que ficam gravadas no coração com emoção. Grande parte da burocracia acaba um dia no arquivo morto e tudo se desvanece.

Não quero dizer, com isto, que deixemos de fazer o que nos é pedido por lei em termos de burocracia. Apenas digo que não a valorizemos e a façamos quando tudo o resto já tiver sido feito. Exige muito mais de nós em termos de tempo, podendo mesmo pôr em risco a nossa carreira (e “idoneidade” como já referi), pois já o senti muitas vezes na pele, mas tudo se resume ao deitarmo-nos à noite com a consciência de uma missão cumprida, em prol dos nossos queridos alunos.

3º - Equilíbrio. A Natureza dotou-nos de um corpo simétrico, dando-nos um lado esquerdo para balançar com um lado direito. Nunca deverei esquecer o equilíbrio das duas partes, das duas mãos… uma para dar amor e carinho aos nossos queridos filhos e alunos, outra para dizer não, estabelecer regras (negocialmente) e fazê-las cumprir, mas sempre em equilíbrio. Se der muito da mão do amor e carinho, a criança deixa de conhecer as adversidades da vida e torna-se uma pessoa mimada e desrespeitadora. Se impuser demasiada autoridade, a criança tende a se tornar uma pessoa rude e a responder (como meio de defesa) com autoridade. Toda a criança procura um modelo… e o modelo está, sem qualquer dúvida, no equilíbrio.

4º - Levar as nossas crianças a trilhar caminhos difíceis. A vida é difícil! Baseado em projetos que invadam o coração de cada criança e jovem, levá-los a saborear a glória e o prazer do fruto do seu trabalho (trabalho é difícil) e da sua dedicação, em prol do sucesso. Assim, ganharão “calos” para enfrentar a adversidade da vida e valorizarão cada gotinha de suor derramada, de cada momento, de cada bem, de cada pessoa, de tudo o que a Natureza lhes concedeu. A vida passará a ter um sabor especial!

5º - Presença. Numa hierarquia, ou numa sequência de líderes como já referi (pois todos somos líderes de alguma coisa), é muito importante que os que estão a seguir nessa hierarquia sintam que estamos sempre presentes, ao seu lado. Para mim, numa hierarquia (sequência de líderes) é uma escadaria que sobe (há quem diga que desce, mas isso é treta), onde o 1º degrau é sempre ocupado pelo primeiro grau dessa hierarquia. Este degrau deverá sustentar todos os outros degraus acima. Deverá se entregar de corpo e alma a toda a escadaria. Não existe o estar à frente ou estar a trás, na realidade todos os degraus estão encostados lado a lado. O líder do 1º degrau, perante os outros líderes, deve ser sempre o primeiro a acordar e o último a adormecer. Assim deverá ser sucessivamente, a postura de cada líder, relativamente aos degraus que se lhe seguem. Como professor (ou como pai), só deverei tratar de burocracia (ou fazer outra coisa qualquer), depois de sentir que os meus queridos alunos (ou queridos filhos) sentem que eu estou presente.

6º - Coerência. Temos de ter sempre coerência entre aquilo que dizemos, pedimos e acreditamos e as nossas ações. Como exemplo, nunca poderei exigir a um aluno que seja assíduo e pontual se eu falho no cumprimento de horários e serviço. Cada líder tem de ser o primeiro a dar o exemplo a todos os outros líderes que estão nos degraus acima.

7º - Incutirmos o Sentimento de Pertença. A Escola, o Agrupamento, o Mundo é de todos. O que é do Estado é nosso. O mobiliário da Escola é nosso… Partilhamos e vivemos neste espaço. Se vivêssemos num verdadeiro mundo de partilha, até o que é construído pelo próximo seria nosso, pois se alguém expõe ou partilha algo que produziu, dá-nos esse bocadinho de si. Assim sendo, tudo deverá ser apreciado e respeitado. É incrível como na nossa Escola não existe o sentimento de pertença. É incrível a destruição de bens e do trabalho dos outros.

8º - Acreditar. Se não acreditarmos na mudança, dificilmente lá chegaremos. Mas, não basta dizer que se acredita. Cada líder (cada um de nós) deverá fazer acreditar, de uma forma participada por todos, que aquele é o caminho. Para além de fazer acreditar, um dia deverá viver, em conjunto com o próximo, o sonho em que acreditou. “Acreditarmos em algo e não o vivermos, é desonesto.” Ganhdi.

Existem muitos mais princípios que me guiam na minha caminhada e que me foram ensinados pela família e por todas a pessoas por quem tenho a sorte de me cruzar na minha vida. Escolhi estes oito, pois com eles já é possível ter uma carta de marear, um projeto com afetos… Tudo passará pelo respeito e amor ao próximo. Deixemos a politiquice ou a obsessão pelos bens materiais e economicistas. É verdade que nos facilitam a vida, mas sem dúvida que são mais capas que nos tapam o coração, a nossa verdadeira essência… SER HUMANO!

Penso que nestes dois últimos anos estivemo-nos a preparar para a grande viagem. Cuidámos da barcaça em si… Apertámos parafusos, pintámos a barcaça, equipámo-la melhor em alguns setores. Procurou-se alguns instrumentos de navegação como a criação do e-mail institucional (poderá faltar o astrolábio, não sei?). Na verdade, até fizemos algumas incursões pelo mar, nas águas abrigadas junto à costa. Depois de termos a referida carta de marear, há que levantar velas e rumar a alto mar, sem medos ou receios, passando pelos mares que o Homem do Leme quer e acredita, passando pelos mares que todos nós queremos e acreditamos.

Peço desculpa por esta minha reflexão poder ser um turbilhão de ideias soltas, esperando que as mesmas possam contribuir para a “carta de marear” do nosso querido Agrupamento. Como diria Jean Rostand "Reflectir é desarrumar os pensamentos.""

                                                                            Arcos - Ilha do Pico, 27 de Julho de 2012

sábado, 1 de dezembro de 2012

Um Dia em Família Fora da Escola

        Quando falamos de Escola, quase sempre a associamos à ideia de aprender, estudar, "marrar" (ato momentâneo que o tempo muitas vezes nos apaga da nossa memória). Sem qualquer sombra de dúvida que Escola é isso, mas vai muito para além disso! Obviamente que, na vida, tudo se consegue com muito trabalho, muito esforço e muita dedicação (sem claro falar sobre alguns senhores que todos conhecemos e nos tentam tramar a vida diariamente)! Contudo, antes de falarmos destas coisas, importa viajarmos até às nossa raízes, aos nossos alicerces, à nossa essência... a essência de sermos humanos.
        Nenhum ser humano escolhe berço para nascer... Podemos nascer numa família que não nos dá todo o amor necessário para crescermos em equilíbrio. Amor em equilíbrio é sentir o abraço de aconchego, mas não menos importante, amor em equilíbrio, é aprender a perceber o valor do "não", para nos prepararmos para os muitos "nãos" que a vida nos traz, depois de deixarmos a casa dos nossos pais!!! Quando crescemos em desequilíbrio, o nosso coração tende a ficar escondido. Como forma de defesa, começa a vestir capas e mais capas e corremos o risco de nos tornarmos em indivíduos rudes e com problemas de integração social. Beijinhos e mimos a mais, não conhecendo o "não", as regras e os limites, podem conduzir a essa situação... Da mesma forma que viver reprimido ou enclausurado no "não", sem conhecer o abraço, pode levar a criança ou jovem a vestir tais capas.
        Quando me chegam às mãos turmas de alunos com comportamentos ditos indisciplinados, é uma tarefa complicadíssima levá-los a olhar para o seu coração, devido às inúmeras capas que foram vestindo. É um caminho penoso e demorado para conseguirmos partir, aos poucos, cada uma daquelas capas. Ninguém parte pedra, apenas a conversar com a pedra ou com plumas de galinha. Temos de buscar o equilíbrio... Numa primeira fase temos de ser "duros" e impôr limites, mesmo que seja necessário um bom "puxão de orelhas". Isto é Amor... Pouco a pouco, as capas vão se partindo e começamos a dar aquele abraço por cada capa destruída. Há um dia... e esse dia é o dia do grande Milagre, quando aquele aluno não só consegue viver olhando seu coração, mas invade-nos o nosso, apoderando-se de um dos seus cantinhos.
        Peço desculpa por começar já a divagar, mas penso ser importante contextualizar a essência do ser humano, viajando à origem de muitos problemas, antes de falarmos em "marrar"/estudar. Este ano, coisa que não acontecia desde o ano 2000, atribuíram-me uma direção de turma dita normal. O trabalho feito pelas professoras do 1º Ciclo foi extraordinário, pois recebi-os sem capas a tapar-lhes o coração. Podem alguns ter dificuldades no "marranço", mas mais importante do que isso, eles têm lá tudo... eles não têm medo de mostrar o que lhes vai na alma ou no coração. Amuam com facilidade, choram, cantam... São transparentes... Para chegarmos a este ponto, a Escola foi sem dúvida importante, mas mais importante são as raízes dos alunos, a Família... Nesta turma existe um grande grupo de pais que educam os seus filhos prevenindo-os de vestir capas. Por contágio, alguns dos outros alunos que não têm essa sorte, acabam também por não as vestir (para já). Infelizmente, a vida ensinou-me que a adolescência e a puberdade, se não existir o equilíbrio que falei atrás, poderão ser as obreiras dessas capas. Há que prevenir para que elas não sejam vestidas, pois vesti-las é muito fácil, parti-las é uma "carga de trabalhos".
        Hoje foi um dos melhores momentos de Escola com alunos que passei este ano letivo... Sem "marranços", embora com alguns "malhanços", tive uma oportunidade de fazer uma viagem às raízes... à Família e com a Família de cada aluno. Na última reunião de encarregados de educação, concertamos uma série de estratégias no sentido de prevenir que os alunos vestissem capas e consequentemente, encarassem a Escola como algo que nos pode dar muito prazer, fruto do nosso trabalho e dedicação (esta é a filosofia que os professores do conselho turma partilham, embora por vezes, e numa primeira fase, alguns pais podem não compreender). Programámos um passeio BTT/Geocaching pelo Canal de Rega do Rio Sorraia.
        O grande dia chegou, dia 1 de Dezembro de 2012. 9h00 desta manhã fria, pais e alunos extraordinários concentraram-se em frente à Escola. Pais disponibilizaram-se para transportar bicicletas até ao ponto de partida, muito perto da Aldeia do Peixe, ali mesmo junto ao Rio Sorraia. O grande objetivo era fazermos o percurso de 5 kms e regressarmos (total de 10 kms), encontrarmos 18 caches, descobrirmos pistas para 2 caches bónus e encontrar uma 19ª cache que continha as coordenadas de uma 3ª cache bónus (total de 22 caches). Foram formadas equipas familiares e rotatitavamente empunhavam o GPS até encontrarem cada uma das caches. Fizemo-las todas! Algumas avarias... correntes partidas e arranjadas à pedrada... um pai que viu os rolamentos da roda partidos, fez mais de 8 kms a pé... um cão que nos acompanhou ao longo de todo o percurso e à hora do almoço decidiu fazer de penico, um capacete que estava pousado no chão... uns "malhanços" com amortecimento das silvas... muitas manchas de lama na roupa... Nada disso foi problema, porque este grupo acabou de alcançar uma grande vitória. Cada um saiu vencedor... todo o grupo venceu. Todos conseguiram... concluir este 1º grande desafio. Chegados à Escola, já passavam alguns minutos das 16 horas, começaram a surgir muitas ideias para um próximo encontro a realizar no 2º Período...
        Foi apenas uma pequena etapa de um longo caminho a percorrer. Quando fazemos as coisas de alma e coração, o trabalho, as dificuldades e os obstáculos dão-nos um prazer incrível, porque tudo se torna mais fácil quando todos fazemos a mesma caminhada: Alunos, Encarregados de Educação e Escola. Um muito obrigado a todos pelo dia de hoje.
 
 
Tudo preparado...

1ª Avaria (início da atividade) - Corrente partida... um alicate, duas pedras e arranjada a avaria!


Quem disse que a lama era problema? A pé ou de bicicleta... até tinha a sua piada!

1ª Cache... Onde está ela... Será que está lá em cima?

Muita perícia ali à beirinha do Canal. Um pequenio desvio e as coisas complicavam-se!

As bicicletas descansam, enquanto se procura uma cache...

                 O cão que nos acompanhou durante todo o percurso. Era esquisito a comer... parecia querer apenas companhia!
O cão procurava companhia, ou então um penico! Alçou a perna para este capacete, na primeira oportunidade que teve!


Não havendo mesas... um joelhinho de um pai dá sempre jeito para registar uma cache!


Lá está ela... escondida sobre este tronco!

O percurso já fazia lembrar algumas estradas de Marinhais que estão por alcatroar!

 

Acho que a cache deve estar por aqui!

Mais um registo de uma cache.

Prova nº1 - Dá-lhe, Lama! (nada a ver com o Dalai Lama)

Prova nº2 - Dá-lhe, Lama! (nada a ver com o Dalai Lama)

Prova nº3 - Dá-lhe, Lama! (nada a ver com o Dalai Lama)



Final do percurso... ou então o início de uma caminhada de 2 anos!


Estaremos na direção certa?



domingo, 25 de novembro de 2012

Nunca Desistas dos Teus Sonhos...

        Penso pertencer, desde que nasci, ao lote de pessoas deste mundo, bafejado pela sorte... Não sei o que o meu futuro me reserva, não sei se vivo outros 40 e tal anos ou mais uns dias nesta vida terrena... Apenas sei que tenho um anjo da guarda que me acompanhou até aqui... Apenas sei que tive a sorte de nascer na melhor família do mundo e, mais tarde encontrar a melhor mulher do mundo e concretizar um projeto de família, guiado pelo Amor, respeito e todos os valores que nos foram transmitidos ao longo de gerações.
       Todos me ensinaram e ensinam a cada dia que passa... Bisavós, Avós, Pais, Irmã, Tios, Padrinhos, Querida Esposa e as minhas queridas filhas... Ensinam-me a acreditar que qualquer sonho é concretizável. Vivo hoje o meu grande sonho de vida, embora, como ser humano que sou, e apesar de ter a sorte de ter todas as faculdades visuais, por vezes não tenho olhos para o ver. Desde pequenino que sonhava em crescer, ter um lar, partilhado com aquela mulher de beleza ímpar (interior e exterior) e encher esse lar com o AMOR dos nosso filhos, fruto do nosso! Era este o grande sonho!
        Comecei a me enamorar muito cedo. Lembro-me de me enamorar, logo no "Kindergarten", por uma miúda que se chamava Heather... lá na St. Joseph´s School. Olhando as estrelas à noite, ajudava-me a projetar o meu sonho e imaginar como seria... Infelizmente, as luzes de Yonkers, ali muito próximo de Manhattan, apenas me deixavam ver o brilho de algumas estrelas. Por isso, quando vim morar para os Açores, enamorar-me passou a ter muito mais sentido. A Via Láctea via-se com uma nitidez incrível e aqueles milhões de estrelas visíveis, davam muito mais sentido ao meu sonho! Enamorei-me secretamente, várias vezes... guardava aquele sonho só para mim e raramente partilhei-o com aquela miúda linda que não me saía da cabeça. Deixava que as estrelas me dissessem o resto! Muitas estrelas deixaram de me falar, mas houve uma que nunca me abandonou até ao dia que subi ao altar, naquela manhã chuvosa de Agosto de 1996. Nunca me deixou desistir do meu sonho! Hoje mantém-se a cintilhar, apesar de permanecer em silêncio. Guarda aqueles sorriso e olhar, que me fazem lembrar os de minha avó Luzia, no dia do meu casamento. Não os descreverei aqui, porque por mais que me esforce para explicá-lo, nunca o conseguiria descrever!
        Foi o sonho de uma vida... e estou a vivê-lo!!! Minha avó Conceição dizia, que apesar de pobre, os tempos que viveu com o seu marido e com os filhos, foram os melhores da sua vida... depois tudo se foi apagando... Isso só me leva a concluir... Há que aproveitar ao máximo este sonho que vivo!
        Este foi, sem dúvida o grande sonho estruturante da minha vida. Sonhei muitos outros sonhos. Aprendi que temos dois tipos de sonhos: aqueles que nos preenchem enquanto seres humanos, alimentam a alma e o espírito e são a nossa razão de viver (estruturantes de vida)... e aqueles relacionados com os bens materiais, que nos preenchem o ego momentaneamente, mas que o prazer de os concretizar, não passa dos primeiros dias. Por exemplo, sonho ter um carro novo... o prazer dos primeiros dias entra em "fade out" e passados uns dias não passa de um simples meio de transporte.
        Aprendi a não desistir de nenhum deles e deixei-os entrar na minha vida, embora a tentação dos 2ºs predominarem, esteja muitas vezes presente... Meus pais ensinaram a acreditar em mim e a lutar pelas coisas, ajudando os outros e aceitando ajuda. Ensinaram-me a contemplar o prazer do próximo quando concretiza um sonho. Ensinaram-me que os sonhos são genuínos e nunca os podemos roubar aos seus donos. Ensinaram-me que na vida há aqueles que lutam para concretizar seus sonhos... e aqueles que passam a vida preocupados com os sonhos dos outros, e não conseguindo genuidade nos seus, tentam concretizá-los, atropelando e desrespeitando o próximo e a si. Ensinaram-me a não ter inimigos, nem mesmo os que nos tentam roubar os sonhos ou a atropelá-los. São apenas pessoas a precisar de ajuda, porque ainda não descobriram que têm a capacidade de sonhar. Ensinaram-me a focar nos meus sonhos, sem me preocupar com a minha imagem ou no que os outros pensam de mim. Ensinaram-me a fazer parte dos sonhos, daqueles que sonharam comigo, e a dar o meu contributo para que se concretizem. Ensinaram-me...
        Acreditemos todos nos nossos sonhos. Lutemos por eles. Respeitemos os sonhos dos outros quer façamos parte deles ou não!
        Vivo hoje o grande sonho da minha vida! E tu, estás a viver o teu? Provavelmente estás... mas terás, tal como eu, de "fechar os olhos para o ver"! Depois... depois é só descobrir qual a nossa estrela, no meio do nosso universo, que nos apresenta aquele olhar e aquele sorriso indescritível.
       
       

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Relatividade do Tempo e do Espaço

        O tempo e o espaço são inversamente proporcionais à nossa idade. Lembro-me  dos meus primeiros anos de vida, estar  a olhar para as movimentações das traseiras do quartel de bombeiros de Yonkers, Nova Iorque (paredes meias com o nosso quintal), da janela da nossa cozinha, lá do 1º andar do 2 Ritters Lane. Tudo parecia tão longe, tudo parecia tão distante, tudo parecia tão alto. Conseguia, em criança, transformar minutos em horas, horas em dias e dias em anos... Havia um mundo por descobrir e num minuto 1001 descobertas eram feitas... tudo feito com tempo. Cresci... Com dezasseis anos tive a oportunidade de regressar à mesma janela... Tudo parecia tão perto, tudo parecia tão pequeno... Devo ter estado uns 15 minutos a matar saudades e a reavivar memórias... Na realidade, pouco já havia a descobrir e o tempo que lá estive pareceram segundos. É como encontrar diferenças em duas imagens idênticas (jogo das diferenças). A primeira vez que as procuramos podemos demorar um bom punhado de minutos. Depois de as descobrirmos tudo passa mais rápido.
        Será que este acumular de experiências e descobertas, fazem com que o tempo nos fuja e o espaço se torne cada vez menor e tendencialmente insignificante? Será esse o motivo que leva o ser humano a ter a necessidade permanente de transformar o seu mundo? Quando não há mudança ou quando existe e é feita em desequilíbrio (sem respeitar a essência do ser humano e a natureza)... o tempo e o espaço deixam de existir ou de fazer sentido, o que leva muitos, a procurarem uma nova morada! Se fizermos da nossa morada, o coração do próximo, o tempo e o espaço, enormes ou minúsculos, tornam-se belos, porque a verdadeira tranformação e mudança acontece dentro de nós! Só tenho pena de pertencer a uma espécie que no seu ADN tem inscrito genes que trabalham incessantemente para que isso não aconteça!
        Por tudo isto e o pelo extraordinário ser humano que foi e é (porque ainda vive), Albert Einstein é um dos meus mestres de vida. A Teoria da Relatividade foi uma revolução científica com a explicação desta relatividade do tempo e do espaço."O tempo pode passar mais rápido para uns e mais devagar para outros. Quando um corpo está em movimento, o tempo passa mais lentamente para ele." (in http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-e-a-teoria-da-relatividade).
        Por vezes penso: será por isso que a maioria dos homens (género masculino) gostam de velocidade, para que o tempo passe mais devagar?:))) As mulheres, por sua vez, têm pressa que as coisas aconteçam ("Oh Manel, quando é que me arranjas isto, ou aquilo")... Claro, estou a brincar, mas na realidade, o facto do ser humano ter o par de cromossoamas sexuais XY ou XX, interfere em muito, na maneira de encarar o tempo e o espaço. Aquela perninha a mais no cromossoma X, faz uma diferença dos diabos.
        É extraordinário como o tempo e o espaço, para os quais inventámos unidades de medida para os medir, podem variar de pessoa para pessoa. Assim sendo, não será o palmo tão ou mais válido do que as unidades do sistema métrico?

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Encontro com os Tubarões

        O Mundo é demasiado pequeno para alguém falar em coincidências. Reconheço que isso é uma realidade, mas não consigo deixar de afirmar "Há coincidências do caraças!" ou no mínimo, há episódios da nossa vida que nos parecem incríveis e nos levam a questionar "será que foi coincidência"? Hoje deixo-vos com um desses episódios, que me levou a viajar pelos confins das minhas memórias perdidas.
        O meu amplificador AV avariou há cerca de um ano. Adoro curtir o som de um bom CD, como é o caso deste preciso momento, ao escrever com o som do album "Clapton Chronicles - The Best of Eric Clapton". Na altura da avaria, desmontei o aparelho e descobri vários componentes queimados. Ferro de soldar e lá substitui os componentes. Funcionou bem durante alguns meses, mas voltou a ter problemas. Teria de substituir uma placa que não era muito barata. Com a crise e a troika, comprar um novo estava fora de questão. Arrisquei procurar no mercado de usados (OLX) e desde setembro último que andava de olho num aparelho da Yamaha, tendo-o negociado e trocado vários e-mails com o seu proprietário.
        Passados dois meses, numa das minhas viagens madrugadoras a Lisboa para deixar minha Tia no aeroporto, arrisquei ligar ao proprietário para ver o amplificador. Combinámos às 8 da manhã. Cheguei ao local combinado, e ele, do seu apartamento, foi dando as indicações até chegar à sua porta. Toquei à campainha, subi o elevador... Quando o dono do amplificador abriu a porta... nenhum de nós podia acreditar... Passado quase um quarto de século, dois amigos voltavam-se a encontrar. O dono daquele amplificador era o meu amigo de infância e de juventude, o Pedro, que todos os anos ia passar as suas férias de Verão aos Açores (terra Natal do Pai), naquela mágica localidade, chamada Arcos, ali mesmo à beirinha do Meu Querido Mar. Foi um momento deveras mágico, talvez pelo número de primaveras que já se passaram e pelos cabelos brancos que já temos. Reavivámos muitas memórias e trocámos milhões de sorrisos. A vida realmente passa num sopro... Tudo passa tão depressa...
         Um dia o Pedro quis experimentar uma sessão de caça submarina. Combinámos um mergulho com saída dos Arcos com chegada ao Cabrito (a cerca de 2 kms de distância). Era final do dia, o estado do Mar apenas deixava "arrear" ou "varar" ali, por "Detrás da Baixa"(Arcos) ou no Cabrito. Nada que já não fosse rotineiro, pois naquela costa escarpada (ver http://serounaoserverdade.blogspot.pt/2012/08/os-meus-guardioes.html), quando o mar tem um "reboiço", não existem muitas opções. Equipámo-nos. O Pedro, o meu amigo e companheiro de mergulho, Jorge Freitas, e eu. Saltamos na água. Fomos apanhando uns peixes. Quando chegámos à zona do Caminho do Limoeiro grande parte dos peixes de maior porte deixava-se apanhar com relativa facilidade, sinal de que existia algum predador (e não éramos nós, pois eles podem fugir porque nadam melhor que nós) por perto que os atacaria pelas vibrações de movimentos bruscos. Mergulhei e arpoei uma "veja" e por detrás de mim lá passou, nas suas calmas, um tubarão. Nada de especial, era apenas mais um dos muitos que já tinha visto. Contudo, o Pedro que não estava muito habituado aquelas andanças, viu o seu coração disparar... Eu e o Jorge conseguimos acalmá-lo por momentos, pois teríamos de nadar mais de 1 km se quiséssemos sair da água. Apanhámos mais uns peixes no local e fomos até à zona da Ermida do Cabrito. De repente começaram a surgir mais e mais tubarões que começaram a ficar nervosos com a vibração dos peixes que pendiam nos arcos fixos às bóias. Começaram a passar por nós como relâmpagos. 10, 20, 30, enfim... já começavam a ser muitos. A noite já começava a cair e a maré corria com muita força para vazante (no sentido São Roque-Faial) e estávamos com alguma dificuldade em continuar no sentido do Cabrito. Decidimos regressar ao ponto de partida. Chegámo-nos o mais possível para junto da costa e da rebentação. Os tubarões seguiram-nos até às "Lajinhas" sempre a fazer "razias" e nervosos com toda aquela comida que vibrava nas nossas bóias. Decidimos nunca deixar o peixe que tínhamos capturado. Foi a primeira vez que tinha visto tão grande cardume de tubarões e tão nervosos. Para o Pedro, foi um dia que jamais lhe sairá da memória e provavelmente o último de caça submarina na sua vida.
        Nesse dia à noite, o Jorge, o meu companheiro de mergulho, contava na Tasca do Luís, o nosso encontro com os tubarões. Luís (não o dono da Tasca), um mergulhador experimentado, disse que toda aquela história não passava de uma fantasia do Jorge, dizendo-lhe, no gozo, que tínhamos confundido umas garoupinhas com tubarões. Jorge convidou-o para um mergulho no local no dia seguinte. Veio à minha adega combinar o mergulho. No dia seguinte, apesar do Mar estar mais bravo, lá entrámos por "Detrás da Baixa". Chegado ao local, mergulhei a um buraco e quando esperava um sargo para o tiro, passou mesmo ao meu lado um tubarão Mako (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tubar%C3%A3o-mako), já com um tamanho considerável. Lá em baixo conseguia ouvir as vibrações das cordas vocais do Luís a gritar. Quando subi o Jorge dizia-lhe a rir... "Então Luís... com que então são umas garoupinhas?". Luís não se sentia nada confortável com a situação. Não podia ir para Terra, pois naquele local seria morte certa devido às escarpas e à rebentação das ondas. Deixou logo atrás o seu peixe. Os tubarões começaram a surgir em grande número na zona. Eu e o Jorge aproveitámos o belo dia de peixe e a calma do peixe (para não permitirem a sua localização pelos tubarões). Bela pescaria que já tínhamos.
        Decidi ir um pouco mais fora atrás de umas "bicudas". Passados uns minutos ouvi grandes gritos. Fui ao encontro de Jorge e Luís. Um tubarão decidiu atacar o peixe que estava na bóia do Jorge. Traçou uma "veja" e abriu o arco do peixe. Com o peixe desventrado e espalhado, estava-se a proporcionar um excelente banquete para aquelas dezenas de tubarões. Começaram novamente a ficar muito nervosos e a nadar velozmente com investidas para se alimentarem dos peixes moribundos. A imagem que não me sai da cabeça é a daqueles olhos azuis arregalados de Luís e a gritar: "Deixem-me ir para terra! Vou e "esgadanho" pela rocha acima". Conseguimos segurá-lo e não deixá-lo fazer tamanha loucura.
        Continuámos a nadar até ao Cabrito. O Jorge perdera grande parte do seu peixe e decidira deixar toda a pescaria para trás, para ver se os tubarões nos deixavam de acompanhar. Eu jamais poderia deixar para trás aquela minha bela pescaria. Dois dos tubarões maiores e mais calmos, decidiram escoltar-nos. Íamos os 3 lado a lado, com o Luís no meio. Um desses tubarões deu a volta e vinha de frente na nossa direção. Apontei-lhe o arpão à cabeça, mas a última coisa que queria era dar-lhe um tiro, pois a suas vibrações com certeza que chamariam os tubarões novamente e a probablidade da coisa correr mal era quase de 100% (com a perda da minha arma). Quando se aproximou demasiado dei-lhe com a coronha da arma na cabeça e ele divergiu por baixo de nós. Aquela "coronhada" parece que o assustou um pouco, pois não voltou a aproximar-se de nós.
        Quando chegámos à "Laja do Risco" (Cabrito), local que costumamos "varar" quando o mar está mais calmo, o Luís não conseguia aguentar mais com tanta "emoção". Convenceu o Jorge a subir para terra. No local não era nada aconselhado, com a ondulação que estava. Nadaram como desalmados para dentro, sem ver se vinha ondulação ou não. Ainda gritei para que esperassem um pouco, mas não me quiseram ouvir. Uma onda arrastou-os até terra, tendo perdido as máscaras de mergulho e outro equipamento. O Jorge conseguiu agarrar-se a uma rocha. O Luís deitou-lhe uma mão à perna para se segurar e o Jorge com os nervos, por momentos pensou que era a boca de um tubarão. Soltou um grito ensurdecedor. Com muita sorte lá conseguiram sair da água, apenas com algumas escoriações. Depois de alguma espera, lá consegui sair da água...
        O Luís, homem experimentado na caça submarina, dizia que uma das melhores coisas que fazia na vida era a prática de caça submarina. A partir desse dia... nunca mais quis ter esse prazer!
       Ah... ok... e já agora... informo que acabei por ficar com o amplificador Yamaha do qual estou a ouvir Eric Clapton... Foi o primeiro aparelho eletrónico que comprei com a garantia e o selo da amizade! Abraço ao Pedro!

domingo, 28 de outubro de 2012

Mudança... A Coragem de Um País, no Coração de Um Político



        Anestesiados pelos fundos da União Europeia, fomos destruindo tudo o que era Nosso... Fomos destruindo os nossos recursos (parece uma espécie de armadilha em que caímos)... Um país que os nossos avós ergueram, está a desmuronar-se... Ainda nos sobram umas ovelhas... Ainda nos resta muito mar... Acordemos enquanto é tempo! Ouçamos a letra do Hino Nacional!
        Haverá alguém por aí com vontade e coração para comandar a coragem de um Povo?

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

9 710 539 940,09 €uros

        Um pequeno exemplo dos "n-liões" de euros saqueados dos bolsos de todos nós... "The party goes on"...!
       Será possível o Ser Humano viver numa Democracia? A Democracia, tal como uma determinada Religião, aos poucos vai perdendo crentes e praticantes, pois o Ser Humano utiliza-as como instrumentos para construir capas que eclipsam seu coração. Quem ainda acredita... nunca deverá deixar de acreditar e de viver com base nas suas essências, nos seus fundamentos e nos seus princípios.
        Ainda sobre a Religião, para aqueles que têm o coração aberto aos bons ensinamentos de qualquer credo ou verdadeira religião (todas defendem os mesmos valores/não falo de seitas), relembro os "7 pecados mortais" que estão na origem da crise económica, social e de valores em que vivemos. Infelizmente, existem dois tipos de fanatismos... o Religioso, que leva as pessoas a cometer barbaridades, promovendo o descrédito e levando as pessoas a esquecer a essência... e o anti-religioso (provavelmente devido ao 1º fanatismo), que visa destrtuir e profanar tudo o que é religioso, acabando por destruir e apagar da memória ("delete") a sua verdadeira essência. Há 50 anos atrás todos conheciam decor e salteado os "7 pecados mortais"... hoje poucos se lembram deles, mas todos nós os praticamos com uma enorme frequência!!! Quem está limpinho? Ninguém estará certamente, mas há quem faça deles a sua Religião, ou melhor... a sua Seita!
 
Avareza
"Demasiada ambição e apego ao dinheiro, desejo insaciável de adquirir bens materiais e enriquecer e desconfiança de outras pessoas".
Ira
"Quando se tem raiva de outra pessoa, uma pessoa agressiva ou sede de vingança."
Gula "É a vontade insaciável de comer para além do necessário, comer só pelo prazer."
Luxúria "Desejo e fixação pelos prazeres carnais, à sensualidade e sexualidade."
Soberba "Conhecida também por orgulho, querer ser e mostrar que é melhor do que os outros, falta de humildade e arrogância."
Preguiça
"Aversão ao trabalho ou prática de outras actividades físicas e mentais."
Vaidade "Demasiada ambição pela perfeição do aspecto físico, beleza, para impressionar os outros."
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Hehaka Sapa

        Hoje termino uma série de cinco textos de índios americanos que nos ensinam a encarar a vida, a partir do que vem do coração e em comunhão com toda a natureza. São das leituras mais puras que leio, e o que mais admiro é que, independentemente da tribo ou da origem da mesma, existe uma coerência total entre aquilo em que acreditam e as suas ações ao longo da sua história... Tudo sem livros, sem leis escritas em papel... No nosso mundo dito civilizado, dificilmente encontramos duas pessoas, mesmos que vizinhos ou familiares que comunguem de tamanha coerência. Leis e mais leis... e num tribunal podem estar dois advogados a defender interpretações diferentes da mesma lei... Religiões e mais religiões, e poderão estar dois vizinhos de costas voltadas ... porque vêem um mesmo Deus de formas diferentes...
        Tudo se resume à Nossa Essência, a essência Humana, pois tudo lá está escrito, algures no miocárdio!
        Este último texto é extraordinário, pelo que representa para mim e pelas memórias que me desperta sobre as muitas conversas que meu pai teve comigo ao longo da minha infância e juventude. Ensinou-me que na vida tudo vai, mas tudo volta. Se hoje estamos bem da vida, nunca desprezar os que não estão e devemos dar-lhes a mão. Mais cedo ou mais tarde, se não formos nós a passar por dificuldades, um dos nossos descendentes (a nossa eternidade) passarão por elas. Tudo é um círculo... A vida é um círculo... provado pela lei de Lavoisier: "Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Tem tudo a ver com o número de sóis que nascem e que se põem ... O relógio não para...
 
        "Certamente já repararam que todas as coisas feitas por um índio são em forma de círculo.
        Os nossos tipis eram redondos como os ninhos dos pássaros e sempre dispostos em círculo. Assim era feito porque o poder do Universo age segundo círculos e todas as coisas tendem a ser redondas. Nos tempos antigos, quando éramos um povo forte e feliz, todo o nosso poder vinha do círculo sagrado da nação, e de tal forma que ele não foi quebrado.
        Tudo o que constitui o poder do Universo faz-se num círculo. o céu é redondo e também já ouvi dizer que a terra é redonda como uma bala e todas as estrelas também o são. Os pássaros fazem o seu ninho em círculo porque têm a mesma religião que nós. O sol eleva-se e põe-se num círculo, a lua faz o mesmo, e ambos são redondos.
        Mesmo as estações formam um grande círculo nas suas mudanças e voltam sempre aonde estavam. A vida do homem também se faz em círculo, desde a infância até à infância, e assim é para todas as coisas onde a energia se move."
 
        "A primeira Paz é a mais importante. É a que vem dentro das almas das pessoas quando estas se apercebem do seu relacionamento, da sua unidade com o universo e todos os seus poderes. É quando elas se apercebem que no centro do universo habita o Grande Espírito, e que este centro está realmente em toda parte... está dentro de cada um de nós. "

                                                                      Hehaka Sapa (Black Elk), índio Oglala

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Standing Bear

        "O velho Lakota estava preenchido com compaixão e amor pela natureza, e este vínculo aumentava com a idade. (...) É por isso que os velhos índios se enraizavam profundamente na terra, para não permanecerem separados das forças da vida. Sentar-se ou deitar-se sobre ela, permitia-lhes pensar profundamente e sentir a terra de uma forma mais vivificante. Observavam com uma maior clareza os mistérios da vida e sentiam-se mais próximos de todas as forças vivas que os rodeavam.
        O velho Lakota era um sábio. Também sabia que o coração do Homem afastado da natureza se torna áspero. Sabia ainda que o nosso esquecimento do respeito face a tudo com que se relaciona, a tudo o que brota da natureza e a tudo o que vive, leva igualmente a não respeitarmos o homem.
        Ao seu estilo e com a sua arte, ele procurava manter os mais novos sob a doce influência da natureza."
             
                                          Standing Bear, Chefe Lakota

Continuação de: http://serounaoserverdade.blogspot.pt/2012/10/tatanka-yotanka.html

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Pachgantschilhilas

        "Os homens brancos anunciavam bem alto que as suas leis eram feitas para todos, mas tornou-se rapidamente claro que, no momento em que as adoptássemos, não se importariam nada em quebrá-las.
        Os seus sábios aconselhavam-nos a adotar a sua religião, mas depressa descobrimos que existiam várias interpretações da mesma religião. Não conseguíamos compreendê-las, e dois homens brancos raramente estavam de acordo sobre qual se devia seguir. Isso aborrecia-nos muito até ao dia em que compreendemos que o homem branco não levava mais a sério a sua religião do que as suas leis. Eles mantinham-nas ao alcance da sua mão, como instrumentos, para os utilizar a seu bel-prazer nas relações com os povos estrangeiros."
 
                                                                        Pachgantschihilas, Chefe dos Delawares

Continuação de: http://serounaoserverdade.blogspot.pt/2012/10/tatanka-yotanka.html

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Tatanga Mani

        "Fui à escola dos homens brancos. Aprendi a ler os seus livros, os jornais e a bíblia. Mas descobri ainda a tempo que isso não era suficiente. Os povos civilizados dependem demasiado da página impressa.
        Virei-me para o livro do Grande Espírito que é o conjunto da sua criação. Podem ler uma grande parte deste livro estudando a natureza.
        Se pegassem em todos os livros e os estendessem debaixo do sol, e deixassem durante algum tempo a chuva, a neve e os insetos cumprirem a sua obra, nada deles restaria. Mas o Grande Espírito deu-nos a possibilidade, a vocês e a mim, de estudar na Universidade da Natureza das florestas, dos rios, das montanhas e dos animais que fazem parte."

 Tatanga Mani (Walking Buffalo), Índio Stoney


Continuação de: http://serounaoserverdade.blogspot.pt/2012/10/tatanka-yotanka.html

domingo, 21 de outubro de 2012

Tatanka Yotanka

       Nascido em Terras do Tio Sam, desde muito pequenino que os Índios Americanos e a sua Sabedoria me fascinam. Muitos Chefes Índios tornaram-se, numa primeira fase, nos meus ídolos. Aprendi a duvidar dos filmes de "cowboys", que pretendiam alimentar a opinião pública americana, baseando-se no patriotismo e dando a ideia de que os "Yankees" eram os bons da fita e o Índios uma "raça" assassina! Quando via um filme de cowboys, lá naquela sala do 1º andar da 2 Ritters Lane, Yonkers, Nova Iorque, ainda no colo de meu pai, apesar de ele apreciar estes filmes, sempre me contou histórias a favor dos Índios e exemplificava com a hipótese de alguém entrar em nossa casa, e ficar com ela! De ídolos durante a minha infância e adolescência, os Chefes Índios passaram ao meu curto rol de Mestres, à medida que fui colecionando primaveras. Muitos dos seus valores foram me ensinados pelos meus queridos pais.
        Hoje inicio, neste meu pedacinho de mundo, a publicação de uma série de pequenos textos de Chefes Índios, tão atuais como proféticos, onde a ganância da Espécie Humana e a construção de uma imagem, tendo por base o "intelecto, o científico e o tecnológico", tornou esta espécie na maior assassina e menos respeitadora pela Mãe Natureza, à face do Nosso Querido Planeta Terra. Cada uma das palavras invade-nos o coração, sobretudo àqueles que lutam por saborear a vida, respeitando o ser humano e toda a natureza na sua plenitude. É enorme a coincidência com a nossa realidade. "Enquanto não diminuirmos a nossa ênfase sobre o intelecto, o científico e o tecnológico, e dermos um lugar maior à intuição, que permitiu, durante tantos séculos, ao homem primitivo, incluindo o índio americano, viver em harmonia com o seu mundo, estaremos condenados como cultura" - Carl Rogers, in O Poder Pessoal.
        
        "Olhem, meus irmãos, a primavera chegou, a terra recebeu os beijos do sol e cedo veremos os frutos desse amor. Cada semente despertou, e da mesma forma, todos os animais estão cheios de vida.
        É a este poder misterioso que devemos, também nós, a nossa existência. É por isso que concedemos aos nossos vizinhos, mesmo aos nossos vizinhos animais, o mesmo direito a habitar esta terra que nós.
        No entanto, escutem-me, meus irmãos, devemos agora contar com uma uma outra raça, que era pequena e fraca quando os nossos pais a encontraram pela primeira vez, mas que hoje se tornou tirânica. Muito estranhamente, têm no seu espírito a vontade de cultivar o solo, e o amor de possuir é neles uma doença. Esse povo fez leis que os ricos podem quebrar mas os pobres não. Eles fixam taxas aos pobres e fracos para manter os ricos que governam. Eles reivindicam-nos a nossa mãe, a terra, apenas para si e entrincheirarem-se contra os seus vizinhos. Desfiguram a terra com as suas construções e os seus entulhos.
        Esta nação é como a torrente de neve derretida que, quando sai do seu leito, destrói tudo à sua passagem."
                                                            Tatanka Yotanka (Sitting Bull), grande Chefe Sioux


sábado, 20 de outubro de 2012

Porque em Portugal já não há milagres?

        "O Milagre Islandês"...
 
        Em Portugal um banco faliu... O círculo político/económico encheu os bolsos... Uns emigraram, outros continuam no ativo em Portugal... Apenas o Elo mais fraco foi julgado ("bode expiatório")... O povo português pagou milhares de milhões para que os saqueadores pudessem ficar com o desfalque... alguém chamou "tapar o buraco"...
        Como este banco, têm sido milhões de exemplos de gestão danosa, sempre em prol do enriquecimento de alguns... Tudo silencioso, tudo com uma normalidade desconcertante... Tudo o povo paga... É por isso que em Portugal já não há milagres...
        Deixo um link para a reportagem da RTP1, "O Milagre Islandês", aquele país frio, isolado do Mundo, com poucos recursos de sobrevivênca e com vulcões a ensombrar os céus... Ali, o POVO disse NÃO!!!