sábado, 28 de abril de 2012

Europa Suicida

        Fisicamente caminhamos para o abismo. Paramos, olhamos para aquele que poderá ser o nosso último ato de liberdade, o último vôo. A nossa alma diz-nos que não é esse o caminho. Escrevemos a nossa angústia dentro de um envelope, à espera que alguém nos oiça? Somos um povo! Somos o berço da civilização ocidental! Somos a Europa!
        Não será uma prioridade, o(a)s senhores(as) que conduzem os destinos da Europa, pararem um pouco para refletir? Não será um ato inadiável, o(a)s senhores(as) donos(as) da Europa, ouvirem o grito do povo europeu (está escrito no envelope) que sufoca diariamente à austeridade imposta? Não será urgente, esses(as) senhores(as), darem um pouco de ouvidos a alguém que é o Prémio Nobel da Economia?

      "Viena, 27 abr (Lusa) -- O economista e vencedor do prémio Nobel, Joseph Stiglitz, afirmou hoje que a Europa está numa situação complicada devido às medidas de austeridade que estão a empurrar o continente "para o suicídio".
"Nunca houve um programa de austeridade bem sucedido num país grande", declarou o economista de 69 anos aos jornalistas, quinta-feira, em Viena, citado hoje pela Bloomberg.
"A abordagem europeia é, sem dúvida, a menos prometedora. Penso que a Europa caminha para o suicídio", salientou."

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Liberdade

       Liberdade. Um dos valores mais nobres e valiosos da humanidade. Tão difícil de atingir, tão fácil de perder. O Mãe Natureza deu liberdade a todos animais terrestres (os extraterrestres ainda ninguém os viu). Todos sem exceção! Quem nunca viu a elegância de um golfinho, numa liberdade sem igual, desenhando danças de encontro ao céu? Quem nunca viu o planar de uma gaivota e o vir “beijar a terra”, como que a agradecer à Terra Mãe pelas asas que lhe deu? Quem nunca viu uma minhoca perfurando a terra, fazendo o seu caminho, o seu labirinto, sem ninguém lhe dizer para onde ir? Quem nunca viu o olhar e o sorriso inocente de uma criança, com a esperança de um futuro livre?
        O ser humano é o único animal que, ao se tornar adulto não sabe viver esta dádiva da Mãe Natureza. Portugal tem vivido muitas ditaduras. Foi nos tempos da monarquia, foi nos tempos de Salazar e foi depois do 25 de Abril, com um crescendo que tem vindo, aos poucos, ofuscando algo que alguém chamou de Democracia. É no mínimo curioso… quanto mais liberdade o ser humano consegue, mais regras, mais limites, mais muros e barreiras tem de construir! Saberemos viver em liberdade?
        No tempo daquele senhor, que foi um dos maiores ditadores, morreu pobre, nunca enriqueceu à custa do estado e deixou uma fortuna em ouro e obra feita, apenas havia uma grande lei… ninguém podia contestar ou pôr em causa o seu Governo. De resto, havia leis, mas ninguém ouvia falar delas. Na realidade, havia muitas leis, mas não precisavam estar escritas em lado nenhum, pois parece que nasciam com as pessoas. Apenas ilusão… porque na verdade, o coração de grande parte das crianças, crescia em seios familiares com valores. Entre as pessoas havia a lei do Bom Senso, dos Valores, do Respeito. Havia a lei, de que mesmo com muita pobreza, todos os frutos resultantes de cada gota de suor, derramada com o trabalho de alguém, eram colhidos e saboreados pela família. Havia a lei de que se o vizinho não tivesse pão, numa fornada retiravam-se um ou dois para partilhar. Havia a lei de que poderia deixar a porta de casa aberta, porque ninguém vinha assaltar a casa. Havia a lei do respeito em comunidade.
        Hoje temos leis e mais leis… Precisamos de advogados para interpretar a lei. Num caso judicial, surgem duas defesas diferentes, com interpretações diferentes... e vence aquele que melhor souber dar a volta à ambiguidade da lei. As leis são muros que mudam de cor consoante a humidade, tal como aquelas peças decorativas de previsão meteorológica.
        Hoje temos leis e mais leis… e vemos senhores e mais senhores a infringi-las com uma imunidade incrível. Muitos são os donos do mundo e quem as criou. Como é possível uma pessoa reconhecida e já ter sido um dos grandes políticos da nossa dita democracia, ser apanhado a 190 kms à hora? Como é possível o pagamento dessa multa ser feito pelos contribuintes? Como é possível uma enormidade de tantos outros exemplos … que todos sabem e nenhuma lei os para? Será isto liberdade?
         Como é possível alguns destes senhores se juntarem aos Capitães de Abril na comemoração do dia 25? Como é possível os rostos dos verdadeiros heróis do 25 de Abril (tais como Salgueiro Maia e Vasco Lourenço) passarem para 2º plano e haver esses senhores que aparecem em primeiro plano, como se todo o mérito da revolução dos cravos lhes fosse creditado? Como é possível, esses senhores terem andado na Casa Mãe da Democracia a criar e a defender leis que hoje discordam delas ou as infringem… Mais grave… que tomaram decisões que nos conduziram a este beco sem saída e que alguém ainda chama de liberdade? Não serão estes senhores os verdadeiros pais desta Liberdade em que vivemos?
        “Tudo isto é triste, tudo isto é fado”. Não consigo ver liberdade, onde há um papão que consome todo o nosso trabalho. Não consigo ver liberdade num país onde me sinto roubado, em cada compra feita, em cada passo dado, em cada decisão tomada pelo Governo em prol do pacto com o diabo (Troika). Não consigo ver liberdade onde muitos têm de roubar para comer. Não consigo ver liberdade num país onde muitos não têm ordenado (ou tem ordenado baixo) e outros senhores com nenhuma ou pouca obra (trabalho) feita(o), vivem com ordenados milionários. Não consigo ver liberdade onde grande parte da população deixou de sonhar. Simplesmente… não consigo ver liberdade!
        Existe uma liberdade que ninguém nos tira. É a liberdade de nos deitarmos à noite, olhar para trás, e ter a consciência limpa e livre, guiada pelos mais nobres valores, que os nossos pais e avós nos ensinaram! Viva a liberdade que ainda nos resta!

domingo, 22 de abril de 2012

"Governo: Despesa Aumentou e Receita Diminuiu"!

        Como já afirmei noutros "posts", sou daqueles que nada percebe de economia, como o comum dos portugueses! Todos estes portugueses (que nada percebem de economia), há muito que prevêem todas as notícias que nos apontam para dias cada vez mais difíceis. Queríamos tanto acreditar que estávamos no bom caminho! Todos os dias somos saqueados pelas políticas impostas pela "troika" e pelo governo, tentando acreditar que é para o bem do país (e sabendo que a muitos a austeridade não chega - sobretudo aos que percebem de economia e que nos conduziram e conduzem ao abismo)!
        Com a nossa dívida pública a ultrapassar os 110% do PIB (lembram-se de alguém dizer às famílias que um empréstimo nunca deveria ultrapassar os 30% do rendimento mensal familiar), com os juros dessa dívida inflacionados... tudo está muito complicado... Não nos fiemos que a conjuntura económica mundial vai melhorar, porque o "Crash" dos mercados não vinha nos manuais pelos quais estudaram os iluminados da ECONOMIA! Tudo mudou em tão pouco tempo... Tudo devido a um dos 7 pecados mortais da humanidade: a GANÂNCIA! A nossa dependência dos produtos petrolíferos... Depois... depois vem, lá do Oriente, o Dragão adormecido... que mesmo a dormir já controla todo o mundo. Se houver azar... para o Dragão, basta desligar o interruptor a Portugal (EDP)!
        Enfim... já estou a divagar... Continuando, como ignorante do mundo económico, a notícia no Jornal "SOL" de ontem ( http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=47452 ) de que a despesa aumentou e a receita diminui, nada me surpreende ou a qualquer português que não perceba nada de economia. Apesar de todos os cortes nos trabalhadores da função pública (incluindo o desemprego), a despesa aumenta (sobretudo pelos juros da dívida pública e os "cambalachos" do costume). A receita... bem, a receita... O ser humano é um animal, que apesar de racional, é um consumidor por excelência. Quanto mais tem, mais gasta! Se souber que mais trabalho implica mais rendimento salarial, mais trabalha e mais produz (ao contrário que o governo quer fazer crer)! Se lhe retiram rendimento salarial, menos dinheiro implica menos consumo e menos produtividade! Menos consumo implica menos, muito menos dinheiro a circular. Menos dinheiro a circular, implica menos trocas comerciais. Menos trocas comerciais, implica menos receita fiscal!
        Aumentam os impostos e os preços dos bens... Com a crise o consumo retrai. A despesa para o estado até pode diminuir, mas a receita fiscal cai a pique... A medida que aparentemente parece resolver a curto prazo o problema das contas públicas, torna-se ineficaz, com um desequilíbrio, ainda maior, entre a despesa e a receita (com muito sofrimento para as famílias)... Recordo um lema do povo Judeu que controla muitos negócios bem sucedidos na cidade de Nova Iorque: "Rather have coins running fast, than dollar bills running slow"!

domingo, 15 de abril de 2012

Despedimentos na Classe Política!

        Estará na hora de despedirmos os nossos políticos (todos, desde a ala mais esquerda, à ala mais à direita)? Aos poucos, os "Heróis do Mar, Nobre Povo" são convidados, pelos nossos políticos, a abandonar o país! Milhares de trabalhadores são e serão despedidos (como é o caso de 3000 professores do quadro da disciplina de EVT)!
       Aos poucos, o "Nobre Povo" vai abandonando o barco, devido a uma crise criada pela ganância do mundo financeiro, aliada à péssima gestão do país, protagonizada pela nossa Classe Política! Porque têm de ser castigados/punidos, aqueles que pouco ou nada têm a ver com este colosso (ou melhor.. têm, quando nas cores da bandeira nacional, existe o verde da esperança e vamos às urnas votar num mal menor)! Infelizmente predomina o vermelho... o sangue derramado pela Pátria! 
        Precisamos urgentemente de uma "Nação valente e imortal"! Só há uma solução... despedir e renovar toda a classe política (atenção, ainda existem alguns, das diferentes cores partidárias, que lutam pelo seu país, mas sempre que o fazem, são despedidos pelos seus colegas políticos)! Precisamos da profissionalização dos políticos e da experiência de vida. Para tal, sugiro alguns candidatos:
        - Ministério das Finanças: a D. Merquelina, que viveu toda a sua vida a gerir o seu pequeno "botequim", lutando para sobreviver, aos constantes aumentos de impostos e exigências de qualidade, quando ao lado se instalou uma loja de chineses, onde quase tudo é permitido e vendido, incluindo falsificações daqueles "naperons" tradicionais da sua terra;
        - Ministério da Agricultura: O Sr. Joaquim, que passou toda a sua vida a cuidar dos seus 1000 m2 de terra, vendo e fazendo crescer com muito amor, cada uma das suas plantinhas, algumas para vender e poder comprar um pedacinho de carne de vaca de vez em quando. Infelizmente, o controlo do estado sobre essas pequenas vendas e a importação de muitos produtos hortícolas de baixo custo e menor qualidade, têm lhe dificultado a vida;
         - Ministério das Pescas e do Mar (novo ministério): O Sr. Daniel, de 62 anos, que toda a sua vida procurou o seu sustento, lançando a sua pequena lancha de madeira ao mar, muitas vezes correndo risco de vida, para alimentar a sua família e vender uns peixinhos. Infelizmente os descontos para a lota e as exigências comunitárias (que só os ricos conseguem suportar), os constantes aumentos do produtos petrolíferos, levaram-no, nos últimos anos a passar muitas dificuldades;
        - Ministério da Educação: A professora Maria (do ensino Básico - 1º Ciclo), que, com os seus 45 anos, já correu o país de lés a lés, deixando os que mais ama para trás e se entregando de alma e coração à educação dos filhos dos outros;
        - Ministério da Solidariedade: A D. Clotilde, que durante toda a sua vida, e semanalmente, cozeu uma fornada de pão para entregar às famílias mais carenciadas da freguesia. O pão sempre foi entregue numa cesta, fixada na sua bicicleta. Nunca teve dinheiro para comprar uma Vespa e muito menos um automóvel (mesmo dos mais baratinhos);
        - Ministério da Saúde: O Sr. Carlos, um autodidata de 72 anos. Começou por ser o endireita de toda a região. Estudou e tornou-se um grande médico. Não leva qualquer valor pelas suas consultas. Cada um dá aquilo que a sua carteira e consciência lhe diz.
        - Ministério da Defesa: O Sr. Padre Américo de 75 anos, que tudo tem feito para espalhar a paz, independentemente de qualquer credo religioso;
        - Ministério dos Negócios Estrangeiros: O D. Amélia que toda a sua vida viveu emigrada fora do país a trabalhar e a sonhar, um dia regressar à terra onde nasceu;
        - Primeiro Ministro: O Sr. José da Carpintaria, que toda a vida produziu mobiliário na sua pequena carpintaria artesanal, para dar sentido a muitos lares. Sempre que alguém da freguesia tem um pequeno arranjo a fazer, lá vai ele, com a sua malinha das ferramentas, nunca cobrando qualquer valor por estes serviço.
        - Presidente da República:  O António, um sem abrigo abandonado pela família. Todos os dias chora por não poder partilhar todo o seu amor com as pessoas que mais ama.

         Estas são algumas das pastas. Qualquer ministério deve ser comandado por alguém com experiência de vida na respetiva área, experiência com trabalho, dedicação e entrega de alma e coração! Isto é uma verdadeira profissionalização da classe política.
        Não tenho qualquer dúvida, se assim fosse... e apesar do Mundo e da conjuntura internacional pouco ajudar, talvez ainda fôssemos a tempo de tudo ser muito diferente! Como estamos... a "Nação Valente e Imortal", vai morrendo lentamente, a cada minuto e segundo que passa! Cantemos e escutemos o Hino Nacional"

sábado, 14 de abril de 2012

Onde fica "Corruptugal"?

        Alguém já ouviu falar deste país? Desconheço a sua existência, pelo menos pelo nome... 
Será que existe? Será verdade?
        O canal tv SIC Notícias, poderá ter descoberto onde ficam as suas fronteiras. Vejam o seguinte link, para o site desta estação de TV, enquanto o crivo da censura (da nossa saudável democracia) não passar por lá!
SIC: Entrevista a Vice-presidente da ONG de luta contra a corrupção "Transparência e Integridade", 


        A RTP também poderá ter andado perto dessas fronteiras. Fica aqui mais um link...
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=543419&tm=8&layout=122&visual=61

terça-feira, 10 de abril de 2012

CARTA DE AMOR

         Hoje, uma amiga e colega, partilhou a seguinte carta. Foi escrita por uma jovem do concelho onde resido e leciono. Não poderia deixar de partilhar, neste meu cantinho, este grito de amor, esta dor, esta homenagem...!

"CARTA A PROFESSORES, ALUNOS, PAIS, GOVERNANTES CIDADÃOS E QUAISQUER OUTROS QUE POSSAM SENTIR-SE TOCADOS E IDENTIFICADOS"
                                                        Por Sara Fidalgo, Sexta feira, 9 de março de 2012 às 11:21

        "As reformas na educação estão na boca do mundo há mais anos do que os que conseguimos recordar, chegando ao ponto de nem sabermos como começaram nem de onde vieram. Confessando, sou apenas uma das que passou das aulas de uma hora para as aulas de noventa minutos e achei aquilo um disparate total. Tirava-nos intervalos, tirava-nos momentos de caçadinhas e de saltar à corda e obrigava-nos a estar mais tempo sentados a ouvir sobre reis, rios, palavras estrangeiras e números primos.
        Depois veio o secundário e deixámos de ter “folgas” porque passou a haver professores que tinham que substituir os que faltavam e nós ficávamos tristes. Não era porque não queríamos aprender, era porque as “aulas de substituição” nos cansavam mais do que as outras. Os professores não nos conheciam, abusávamos deles e era como voltar ao zero.
        Eu era pequenina. E nunca me passou pela cabeça pensar no lado dos professores. Até ao dia 1 de Março.
       Foi o culminar de tudo. Durante semanas e semanas ouvi a minha mãe, uma das melhores professoras de Inglês que conheci, o meu pilar, a minha luz, a minha companhia, a encher a boca séria com a palavra depressão. A seguir vinham os tremores, as preocupações, as queixas de pais, as crianças a quem não conseguimos chamar crianças porque são tão indisciplinadas que parece que lhes falta a meninice. Acreditem ou não, há pais que não sabem o que estão a criar. Como dizia um amigo meu: “Antigamente, fazíamos asneiras na escola e quando chegávamos a casa levávamos uma chapada do pai ou da mãe. Hoje, os miúdos fazem asneiras e os pais vão à escola para dar a dita chapada nos professores”. Sim, nos professores. Aqueles que tomam conta de tantos filhos cujos pais não têm tempo nem paciência para os educar. Sim, os professores que fazem de nós adultos competentes, formados, civilizados. Ou faziam, porque agora não conseguem.
         A minha mãe levou a maior chapada de todas e não resistiu. Desculpem o dramatismo mas a escola, o sistema educativo, a educação especial, a educação sexual, as provas de aferição e toda aquela enormidade de coisas que não consigo sequer enumerar, levaram deste mundo uma das melhores pessoas que por cá andou. E revolta-me não conseguir fazer-lhe justiça.

        Professores e responsáveis pela educação, espero que leiam isto e acordem, revoltem-se, manifestem-se (ainda mais) mas, sobretudo e acima de qualquer outra coisa, conversem e ajudem-se uns aos outros. Levem a história da minha mãe para as bocas do mundo, para as conversas na sala dos professores e nos intervalos, a história de uma mulher maravilhosa que se suicidou não por causa de uma vida instável, não por causa de uma família desestruturada, não por dificuldades económicas, não por desgostos amorosos mas por causa de um trabalho que amava, ao qual se dedicou de alma e coração durante 36 anos.
        De todos os problemas que a minha mãe teve no trabalho desde que me conheço (todos os temos, todos os conhecemos), nunca ouvi a palavra “incapaz” sair da boca dela. Nunca a vi tão indefesa, nunca a conheci como desistente, nunca pensei ouvir “ando a enganar-me a mim mesma e não sei ser professora”. Mas era verdade. Ela soube. Ela foi. Ela ensinou centenas de crianças, ela riu, ela fez o pino no meio da sala de aulas, ela escreveu em quadros a giz e depois em quadros eletrónicos. Ela aprendeu as novas tecnologias. O que ela não aprendeu foi a suportar a carga imensa e descabida que lhe puseram sobre os ombros sem sentido rigorosamente nenhum. Eu, pelo menos, não o consigo ver.
        E, assim, me manifesto contra toda esta gentinha que desvaloriza os professores mais velhos, que os destrói e os obriga a adaptarem-se a uma realidade que nunca conheceram. E tudo isto de um momento para o outro, sem qualquer tipo de preparação ou ajuda.
        Esta, sim, é a minha maneira de me revoltar contra aquilo que a minha mãe não teve forças para combater. Quem me dera ter conseguido aliviá-la, tirar-lhe aquela carga estupidamente pesada e que ninguém, a não ser quem a vive, compreende. Eu vivi através dela e nunca cheguei a compreender. Professores, ajudem-se. Conversem. E, acima de tudo, não deixem que a educação seja um fardo em vez de ser a profissão que vocês escolheram com tanto amor.
        Pensem no amor. E, com ele, honrem a vida maravilhosa que a minha mãe teve, até não poder mais. 
                                                                                                                     Sara Fidalgo

 P.S. - Não posso deixar de agradecer a todos os que nos ajudaram neste momento de dor *"

sábado, 7 de abril de 2012

"Bola de Cristal"

       A umas léguas mais à frente, nuvens negras erguem-se ainda antes do horizonte e perdem-se pelo céu dentro. Serão Cumulus Nimbus? Uma tempestade sem igual aguarda-nos... Esgotámos todo o combustível e os meios de propulsão deixaram de funcionar. Estamos à deriva. As correntes são muito fortes e arrastam-nos para aquela escuridão. O nosso timoneiro segura a roda de leme, aproando o barco no sentido contrário do que navega, para que os tripulantes não vejam o que os espera. Diz que estamos no bom caminho. Está tudo sob controlo. Tenta fechar os olhos a todos aqueles tripulantes que morrem à míngua. Há vários meses que lhes retira os alimentos, mas promete que será por poucos dias. Cada dia que passa, adia a entrega da ração e dá sinais de nunca mais o fazer. Justifica-o, todas as vezes que olha para a popa e vê a tempestade mais perto, dizendo que "não tem uma bola de cristal". O contramestre, um dia diz que o pior já está quase a passar ou já passou... No dia seguinte diz "foi um lapso" o que disse! Será esta a política da verdade tão apregoada antes do barco partir. Não estará esta política muito próxima da viagem do anterior timoneiro, que em muito mau estado deixou a nossa embarcação? 
        A embarcação navega à deriva, mas de marcha à ré. Muitos tripulantes apercebem-se disso, mas, outros tantos, apenas olham na direção da proa, iludidos que a barcaça caminha na direção da calmaria. Um líder deveria dizer toda a verdade, não a escondendo...
        Estou farto de ouvir aqueles senhores que dizem que não devemos olhar nem falar da tempestade, justificando que a nossa imagem no exterior sai denegrida. Muito triste é quando a imagem não corresponde a um determinado corpo... Trabalha-se demasiado para a imagem de um corpo que está moribundo. Os nossos líderes devem olhar para o corpo real, não omitir ou esconder nada à sua tripulação, para que todos se preparem e colaborem na melhor forma de dobrar o Cabo das Tormentas. Depois... têm de dar o exemplo, têm de viver o sofrimento, o trabalho e a dedicação de todos!
       Afinal, o Adamastor existe... É a nossa dívida pública... Alimentamos esse monstro com mais dívida. Precisaremos de mais e mais ajuda externa... para alimentar este colosso! Não há hipótese... são e serão "lapsos" e mais "lapsos" dos nossos timoneiros. O povo já não aguenta tantos "lapsos"! São sonhos e projetos de vida que morrem diariamente. Hoje o que é, amanhã deixa de o ser! Atropela-se a Constituição! Altera-se a legislação! Retira-se apenas ao Povo.... Porque não acabar com todas as parcerias público-privadas, sem que tenham direito a indemnização os seus chorudos gestores e acionistas? Porque não acabar com todas as mordomias da classe política? Porque não reduzir para metade o número de deputados?... (a lista é enorme)...  Será que a lei e a Constituição apenas podem ser violadas quando se trata de retirar ao Povo? Quando se atacam apenas aqueles que fazem o país produzir (o Povo), quando lhes é retirado o direito a produzir (desemprego), quando lhes é roubado o ordenado e as reformas (ao contrário do prometido em campanha eleitoral)... toda a economia desmorona... O dinheiro não circula... De nada serve o dinheiro dos ricaços, a render em "off-shores", ou investido num país, onde não há poder de compra ...
        Está na hora de mostrar ao Povo que há um esforço comum a todos. Está na hora de dizer toda a verdade e deixarem-se de jogadas de bastidores e de negociatas (por debaixo da mesa para que os mercados não desconfiem) com os "troikanos"! Está na hora de nos prepararmos para a grande tempestade (criada pelos "donos do mundo")... enfrentando-a, traçando todos os cenários possíveis, e nos preparando para cada um deles! Senhor Primeiro Ministro, não deseje tanto ter "uma bola de cristal"! Sabemos que sabe muito mais do que aquilo que você tenta fazer crer que sabe!  Não é preciso "bola cristal" para ver o país real! Não é preciso "bola de cristal" para olhar aquela tempestade que lá vem do horizonte! Não é preciso "bola de cristal" para tornar uma democracia encapuçada, numa sociedade onde os sacrifícios são repartidos por todos! Não é preciso "bola de cristal" para falar a verdade ou, sem constantes "lapsos"! Se não o conseguir sem "bola de cristal", procure-a no Povo... Ela está em seu poder!
        Verdade ou não... o que tenho visto nos últimos anos... são os nossos timoneiros a destruir a nossa querida nau (pátria) e quando estão de saída, num golpe da magia, esfregam uma espécie de lamparina, e lá vem um "Génio" que os iliba de todos os rombos que provocaram no casco do barco (e os apaga da memória de um Povo) que foram timoneiros e os lançam para altos cargos, com ordenados chorudos! Quer trocar a lamparina que está em seu poder, pela "bola de cristal" que está em poder do Povo?