segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Obrigado a Todos pela Partilha de Alma

        Três meses... desde que escrevi a minha primeira palavra enquanto "blogger".
        Há muitas formas de oração... Orar é... falar com alguém que não vemos... é falar com Deus... é falar com alguém que vive dentro de nós... Orar é desabafar, é estimular as glândulas lacrimais e excretar energias negativas... É partilhar pedacinhos de alma. Para além de falar com Deus, tive a necessidade de construir uma pequena barcaça, lançá-la ao mar sem destino e procurar-vos, apenas para orar convosco. Carreguei a barcaça com  a minha alma e fiz-me ao mar no dia 30 de Outubro de 2011... Tem sido uma viagem extraordinária, fantástica... É surpreendente, neste mar infinito, a quantidade de encontros e reencontros que tenho tido. É uma alegria imensa quando encontro ou reencontro alguém, que também navega por esses mares fora. É como se partilhássemos bocadinhos das nossas almas, fortalecendo-as.
        Por vezes avisto outras barcaças, sem conseguir uma abordagem. São anónimos que navegam por aí e que eu teria muito prazer que pisassem os "paneiros" do meu barco. Curioso é que, mesmo sem lhes conhecer o rosto, a transfusão de alma acontece. Há um desses marinheiros que nunca cheguei a conhecer. No post "Memória Genética: Ninguém Morre" do dia 17 de Dezembro... alguém dizia ... "Este arquivo é, na minha opinião, de extremo interesse e grande pertinência. Aconselho-o a tentar aprofundar o tema e agradeço desde já por me ter ajudado bastante na decisão de uma possível escolha para futuro profissional". Nunca consegui saber quem seguia naquele barco. Tenho muito a aprender sobre a arte de marear com este timoneiro...
        Por outro lado são fantásticos os reencontros... Familiares e amigos (onde estão os ex-alunos) que já embarcaram comigo noutras viagens. Muitos já não estão entre nós e surgem em embarcações de cetim no meio da névoa. Nesta viagem tenho tido a oportunidade de os conhecer, a todos, melhor. Quando estive próximo fisicamente, no mesmo barco, não tinha olhos para ver seus corações. Agora... em barcos diferentes consigo ver seus corações, consigo abrir-lhes o meu! Parece um contra-senso, quanto mais próximo estamos de alguém, mais dificuldade temos em ver seu coração e em abrir-lhes o nosso! Já pensaram na dificuldade que temos em dizer: "Amo-vos Muito, Meus Queridos Pais!" quando estivemos a viver com eles?
        Fico maravilhado como há pessoas que, para além de transferirmos mutuamente bocadinhos de alma, conseguem partilhar esses bocadinhos com outros. Fica aqui este maravilhoso comentário ao post "O Poder do Abraço", de alguém que eu não via há alguns anos e pouco a conheci :
"Olá Rui! Bendita mensagem que escreveste!!
Os meus alunos leram o teu texto e viram o vídeo com atenção e resultou, pelo menos para os do 12º e 11ºanos que, na aula seguinte, após lerem o teu texto, tomaram a iniciativa de se abraçarem na minha aula. Foi tão bom vê-los daquela forma numa sala de aula, foi mesmo reconfortante e um grande motivo de orgulho para mim: orgulho por termos retomado contacto, que por sua vez, fortaleceu os laços daqueles que navegam na minha nau! Ah! Eu também participei nos abraços, poupo-te esta pergunta e soube-me muito bem!! Saí destas aulas cheia de boas energias e com mais vontade de trabalhar om eles!Houve emoções e choros, mas o balanço final é muito positivo!
Obrigada mais uma vez e agora terás ainda mais seguidores das tuas belas mensagens!
Fica bem e um forte abraço da amiga ... que te admira muito!"

        Obrigado a todos... por orarem comigo. Obrigado a todos por me encherem a alma e darem sentido à minha viagem!

sábado, 28 de janeiro de 2012

"Qual é o Teu Valor de Mercado, Mãe?" por Francisco Queirós

        "Qual é o teu valor de mercado, mãe? Desculpa escrever-te uma pequena carta, mas estou tão confuso que pensei que escrevendo me explicava melhor.
        Vi ontem na televisão um senhor de cabelos brancos, julgo que se chama Catroga, a explicar que vai ter um ordenado de 639 mil euros por ano na EDP, aquela empresa que dava muito dinheiro ao Estado e que o governo ofereceu aos chineses.
        Pus-me a fazer contas e percebi que o senhor vai ganhar 1750 euros por dia. E depois ouvi o que ele disse na televisão. Vai ganhar muito dinheiro porque tem o seu valor de mercado, tal como o Cristiano Ronaldo. Foi então que fiquei a pensar. Qual é o teu valor de mercado, mãe?
        Tu acordas todos os dias por volta das seis e meia da manhã, antes de saíres de casa ainda preparas os nossos almoços, passas a ferro, arrumas a casa, depois sais para o trabalho e demoras uma hora em transportes, entra e sai do comboio, entra e sai do autocarro, por fim lá chegas e trabalhas 8 horas, com mais meia hora agora, já é noite quando regressas a casa e fazes o jantar, arrumas a casa e ainda fazes mil e uma coisas até te deitares quando já eu estou há muito tempo a dormir.
        O teu ordenado mensal, contaste-me tu, é pouco mais de metade do que aquele senhor de cabelos brancos ganha num só dia. Afinal mãe qual é o teu valor de mercado? E qual é o valor de mercado do avozinho? Começou a trabalhar aos catorze anos, trabalhou quase sessenta anos e tem uma reforma de quinhentos euros, muito boa, diz ele, se comparada com a da maioria dos portugueses. Qual é o valor de mercado do avô, mãe? E qual é o valor de mercado desses portugueses todos que ainda recebem menos que o avô? Qual é o valor de mercado da vizinha do andar de cima que trabalha numa empresa de limpezas?
        Ontem à tardinha ela estava a conversar com a vizinha do terceiro esquerdo e dizia que tem dias de trabalhar catorze horas, que não almoça por falta de tempo, que costumava comer um iogurte no autocarro mas que desde que o motorista lhe disse que era proibido comer nos transportes públicos se habituou a deixar de almoçar. Hábitos!
        Qual é o valor de mercado da vizinha, mãe? E a prima Ana que depois de ter feito o mestrado trabalha naquilo dos telefones, o "call center", enquanto vai preparando o doutoramento? Ela deve ter um enorme valor de mercado! E o senhor Luís da mercearia que abre a loja muito cedo e está lá o dia todo até ser bem de noite, trabalha fins de semana e diz ele que paga mais impostos que os bancos?

        Que enorme valor deve ter! O primo Zé que está desempregado, depois da empresa onde trabalhava há muitos anos ter encerrado, deve ter um valor de mercado enorme! Só não percebo como é que com tanto valor de mercado vocês todos trabalham tanto e recebem tão pouco! Também não entendo lá muito bem - mas é normal, sou criança - o que é isso do valor de mercado que dá milhões ao senhor dos cabelos brancos e dá miséria, muito trabalho e sofrimento a quase todas as pessoas que conheço!
        Foi por isso que te escrevi, mãe. Assim, a pôr as letrinhas num papel, pensava eu que me entendia melhor, mas até agora ainda estou cheio de dúvidas. Afinal, mãe, qual é o teu valor de mercado? E o meu?"


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Guerra das Matemáticas

        Sabem?... Tenho a sensação que... no nosso país existem, atualmente, duas matemáticas em guerra, separadas por um muro, uma trincheira, quem sabe chamada Política! Sou apenas um gajo, um simples professor cuja opinião de pouco vale e nada interessa para a política educativa! Essa coisa de definir o futuro da educação para o país, fica para os professores universitários, para os Doutores e Professores Doutores, e para uns artistas que se apelidam de políticos, estejam eles ligados à agricultura ou à saúde. São todos tão bons... muito bons! Conseguem estar à frente de qualquer ministério! É um orgulho nacional termos artistas tão bons e "omni-eficientes"!
        Este gajo (moi même), enquanto adolescente e jovem, nunca teve como projeto de vida, a ideia de ser professor! Cheguei a pensar em medicina, biologia marinha... mas professor... nunca! O sonho de meus pais foi, dar estudo aos filhos, ter um filho médico e uma filha professora! A vida e a vocação dos filhos encaminharam-nos para essas áreas, só que trocamos de área! Lecionei a minha primeira aula de Matemática em 1990, aos 5º e 6º anos de escolaridade. Havia sido convidado pela Diretora do Externato da Madalena, D.Cecília (minha ex-professora de Francês). Enquanto tirava o 12º Ano na Ilha do Faial, diariamente, regressava à Ilha do Pico, na "Espalamaca" ou no "Cruzeiro do Canal", para "dar" aulas de Matemática no turno da tarde. Recordo-me da minha primeira aula. Recordo-me de um aluno e conhecido da rua, já com 16 anos, o Sérgio, hoje um Homem do Mar, virou-se para mim e disse: "De qualquer merda fazem um professor!". Contra factos não há argumentos!. Era um facto ... eu era apenas um gajo que partilhava a rua com aqueles alunos... com quase a mesma idade! Tive de me afirmar... dar um murro na mesa... e fazer uma de mauzão, gritando: "Lá fora posso ser um merdas, mas cá dentro sou teu professor e quem manda aqui sou eu!"... Sabem? Aquilo até resultou... Hoje ainda resulta, e posso dar-me ao luxo de dizer que até hoje nunca expulsei um aluno da sala de aula. Se calhar, tenho tido os alunos mais disciplinados pelas escolas onde tenho passado... Não sei?! Que digam os meus chefes, ex-chefes e os meus colegas.
        Logo nas primeiras semanas de aulas, fiquei fascinado e encantado pela relação que se estabelecia... Era um prazer enorme ir estudar... estudar a melhor forma de motivar os alunos para aprender Matemática! Não era difícil conhecer os interesses deles... pois, a minha idade aproximava-me às suas realidades! Era um prazer enorme... Cada dia que acordava, só pensava naqueles momentos da tarde, com os meus queridos amigos e alunos! Descobri a minha vocação.... Até hoje, apesar de ter passado por todos os órgãos pedagógicos e de gestão de uma Escola, nunca deixei de "dar" aulas de Matemática, aos 5º e 6º anos! Se me tiram os alunos... tudo deixa de fazer sentido.... Peço desculpa, pois desviei-me do tema inicial, mas, enfim... é só para perceberem que não passo de um simples professor, que o único prazer que levo da profissão, é encontrar um ex-aluno, passados uns anos, e ver um pedacinho de mim na vida daquela pessoa! De resto, para a opinião de muitos dos nossos políticos e ex-políticos, não passo de um "merdas" (como dizia aquele meu aluno). Pouco interesso... Pouco interessa a minha opinião... Não percebo "um boi" de educação!
        Voltando às matemáticas... Um novo programa de Matemática para o Ensino Básico, entrou em vigor no ano letivo anterior. Mais uma reforma, mais alguém que quer deixar o cunho! Mais umas experiências com a esperança de melhorar as competências matemáticas dos nossos alunos, nomeadamente ao nível da comunicação, do raciocínio e da resolução de problemas matemáticos! Chegam novos chefes ao Ministério de Educação e acham que a Matemática que está naqueles programas é uma Matemática fraca. Começa-se a pensar em definir novas políticas e provar que a Matemática recém-instalada não tem valor! Tem sido assim... ao longo de anos e anos. Novo Governo... novas políticas! Fazem-se exames nacionais difíceis no primeiro ano de mandato para provar que as políticas anteriores não eram válidas, e vai diminuindo, de ano para ano, a dificuldade dos exames, ao longo da legislatura... Mesmo assim, os resultados continuam péssimos. Nunca se pensa a longo prazo!
        Se me perguntarem... mas, qual a Matemática que faz mais sentido... A Matemática do Professor João Pedro da Ponte ou a Matemática do nosso Ministro de Educação, Nuno Crato? Respondo... nenhuma isoladamente! É muito importante o equilíbrio entre ambas! Por um lado uma Matemática do "aprender fazendo", por outro uma matemática do "fazer aprendendo"! Por um lado, alguém defende uma matemática onde o aluno através da descoberta tenta aprender matemática, não tendo tempo para conhecer muitas das ferramentas fundamentais, por outro lado uma matemática mecanizada, onde o aluno através do treino e do trabalho aprende a manusear essas ferramentas, mas raramente sabe para que servem! Diferentes visões e diferentes caminhos para chegar a uma só Matemática! Na verdade, um caminho poderá ser mais válido para um aluno, outro caminho mais válido para outro. A razão não está no caminho A ou no caminho B. Um dos grandes problemas do fracasso dos nossos alunos está na extensão e nos obstáculos que os caminhos propostos apresentam. Apenas atletas de alta competição (provavelmente aqueles que vão às olimpíadas da matemática) é que conseguem concluir um desses caminhos com verdadeiro sucesso, independentemente do caminho, com muito trabalho e dedicação! Para além dos currículos serem extensíssimos, parecem desenhados por pessoas que têm muitas dificuldades em "encarnar" os nossos alunos e perceber que continuam desajustados ao nível de abstração de grande parte da faixa etária dos nossos alunos. A solução jamais passa por dar mais do mesmo.... Mais horas de Matemática, como se isto resolvesse o problema do insucesso nesta área curricular.
        Depois vem o grande flagelo... criou-se um sistema, onde tudo se consegue sem esforço, tudo se consegue sem trabalho (ver http://serounaoserverdade.blogspot.com/2011/12/educacao-o-essencial.html)! O Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues culpabilizou única e exclusivamente os professores pelo insucesso! Criou os P.A.M.s (Planos de Ação para a Matemática), como quem diz "Os professores não fazem a sua parte, vamos pô-los a mexer". Na realidade, foi mais uma operação de cosmética para mascarar um problema... Não há plano de ação que valha, se não houver responsabilização das três partes fundamentais do processo educativo: o aluno, o encarregado de educação e o professor! Se todos cumprirem com a sua parte, tudo será mais fácil... e sem dúvida que, mesmo com a Matemática A ou a Matemática B, os resultamos melhorariam drasticamente!
        Para além disso, culturalmente, o insucesso da Matemática transformou-se numa questão hereditária: "Meu filho, eu também já era má aluna a Matemática... teu avô também era um desastre..., nunca poderás ser bom a Matemática!" Tudo isto aliado à falta de trabalho e dedicação por parte dos alunos, bem como a desvalorização da Escola por parte dos pais, leva-nos ao fracasso na disciplina! Trabalhar é só para os alunos que têm pais exigentes...
        Senhores Doutores, senhores Professores Doutores, senhores políticos... deixem-se de politiquices quando projetam o futuro da educação... Juntem todas as vossas matemáticas... deixem de obrigar os alunos a percorrer caminhos intransponíveis e criemos uma autoestrada não portajada, de livre acesso para todos.... uma Matemática com sentido, desprovido de conteúdos e teoremas sem qualquer interesse para as vidas futuras dos nossos alunos. A especialização na Matemática, deve acontecer de uma forma faseada, culminando, muito mais tarde com a via profissional escolhida, e nunca num primeiro Ciclo, com um exagero de Temas. Grande parte da Matemática que uma criança precisa é... a exploração do mundo, não precisando de o explorar todo, apenas o bocado de mundo que lhe pertence! Nesse mundo está o BRINCAR, e isso ela já não tem tempo para o fazer! É imprescindível dar a conhecer meia dúzia de ferramentas matemáticas essenciais para trabalhar no 1º Ciclo,  para que as crianças se tornem especialistas nessas ferramentas. Não vale a pena lhes querer dar um baú de ferramentas, que jamais a sua idade física e psicológica conseguirá suportar esse peso! Confusas, deixam de saber para que servem todas aquelas ferramentas, e a "bola de neve" vai crescendo... Conhecendo apenas as ferramentas essenciais e a razão de existir das mesmas e sabendo utilizá-las em situações concretas, os alunos ficam aptos para construir matemática já a partir do 2º Ciclo (embora já o possam fazer no 1º Ciclo).
        Um carpinteiro nunca poderá ser um bom carpinteiro se não tiver e se não souber usar as suas ferramentas. Como exemplo, o martelo é tão importante para o carpinteiro, como a tabuada é para o cálculo mental de um matemático (Ok... lá vêm os senhores Professores Doutores dizer ... que isso é passado. Relembro que sou apenas um simples professor que não percebe nada de pedagogia, mas sabe que existem mil e uma maneiras de aprender a tabuada, sem ser única e exclusivamente a "cantilena" do método tradicional)! Para que quererá o carpinteiro um fole de ferreiro? Se um dia precisar de um fole, não tenho dúvida que o procurará (e isto, sim, é aprender)! Depois vem a técnica... Técnicas para usar o martelo, técnicas para o cálculo mental...  Depois vem o trabalho.... muito trabalho... para se tornarem bons carpinteiros, para se tornarem bons alunos e bons matemáticos! Mas.... tudo isto só fará sentido se antes falarmos da Matemática da Vida e das matemáticas que falei no meu post do dia 1 de Novembro de 2012, "Disciplinas Essenciais" (http://serounaoserverdade.blogspot.com/2011/10/disciplinas-essenciais.html) .
        Unamo-nos num projeto a longo prazo, aproveitando o que de bom já existe. Não cortemos com tudo! Não queiramos resultados imediatos! 

        Um bem haja. Fica aqui apenas a opinião de mais um gajo que não percebe nada de educação!

sábado, 21 de janeiro de 2012

O Poder do Abraço

        É surpreendente o poder de um abraço... É incrível a quantidade de pessoas que passam dias e dias sem conhecer um abraço... talvez até anos ou (quem sabe?) nunca! É incrível a quantidade de crianças e jovens que fazem parte deste lote de pessoas.
        Há uns anos atrás, numa reunião com alunos (de 13/15anos) e respetivos encarregados de educação, perguntei se se tinham abraçado na última semana... Uma ou duas pessoas levantaram o braço, mas com um levantar de braço hesitante e com muitas dúvidas. Dei-lhes um minuto para se abraçarem... Foi um momento incrível e fantástico... Todos, sem exceção, se abraçaram num abraço prolongado, com muitas lágrimas à mistura. Na verdade, muitos nunca se abraçavam no seio familiar...
        Um abraço consegue aproximar dois corações, peito com peito, transferindo-se uma energia incrível entre os dois ou mais corpos. Pode ser amizade... pode ser amor... não sei? Esta energia é indescritível! Passamos demasiado tempo sem abraçar as pessoas que mais amamos! Passamos demasiado tempo sem abraçar um amigo! Na verdade, podemos abraçar qualquer pessoa, mesmo um desconhecido. Contudo, quem tem amigos ou pessoas que ama para poder abraçar, considere-se um sortudo e nunca se esqueça de os abraçar, pois esse abraço não é um abraço qualquer. Um abraço... é a única forma de provarmos que não vivemos em solidão. Numa família, a viver debaixo do mesmo teto, se não houver um abraço, todos poderão estar a viver em solidão!
        Não abracemos apenas quando estamos tristes... para dividir as tristezas! Não abracemos apenas quando estamos alegres... para dividir alegrias! Abracemos enquanto o tempo nos devora a vida e a transforma num sopro. Faltam cinco minutos para sairmos para o trabalho? Ainda não deram aquele abraço?  Esqueçam tudo... Junte os que vivem debaixo do mesmo teto e experimentem mergulhar num abraço de 10 segundos... São apenas 10 dos 86 400 segundos que o dia tem! Vai ver que a vida lhe corre muito melhor!



" Foi na simplicidade do seu jeito que encontrei meu apego e na timidez do seu abraço que encontrei meu abrigo " Fabio Esteves

"Onde, afinal, é o melhor lugar do mundo? Meu palpite: dentro de um abraço". Martha Medeiros




sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Presidente da República a Viver o Drama da Crise

«Tudo somado, o que irei receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas porque como sabe eu também não recebo vencimento como Presidente da República».

«Mas não faço questão quanto a isso porque com certeza existem outros portugueses na mesma situação. Felizmente, durante os meus 48 anos de casado, eu e a minha mulher fomos sempre muito poupados e fazíamos questão de todos, todos os meses colocar alguma coisa de lado e portanto agora posso gastar uma parte das minhas poupanças e é por isso que eu não faço questão quanto a isso».

        Quando cerca de 10 000 euros por mês, não chegam... O que será do "Zé Povinho"?
        Vindo de quem vem... nem vou perder o meu tempo a comentar... pois as conclusões são óbvias para todo o português comum! Mas... penso que devíamos fazer todos mais uma "bequinha" para ajudar o nosso "Chefe Maior"!

 Ver notícia em: http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=2254297&page=-1

"Legalize It"?

        Um flagelo crescente na nossa sociedade... Sempre existiu... Silencioso... Mortífero... Todos sabem que anda por aí... Todos têm receio de falar... do "Fruto Proibido"!
        Falam em economia paralela? Referem-se a quê ? Aquele choricinho ou aquele queijinho fresco que a D. Clotilde, fez com muito amor e que vendeu ao vizinho para ganhar umas migalhas para conseguir sobreviver? Falam dos ovos que a D. Gertrudes pediu, ao Sr. Alfredo, para vender na mercearia? Sr. Ministro das Finanças... não se canse em mandar investigar estes nomes, pois são fictícios; Sr. Ministro da Economia ... Franchising de Pastel de Natas...? Uau! E se a D. Clementina (também fictício o nome) fizesse uma dúzia de pastéis de nata para vender semanalmente no café do Sr. Xanax (atenção... este existe), sem ter o governo de comer metade?
        Não... não falo desta economia paralela... Falo de uma que está perfeitamente legalisada ao contrário do que se pensa ou do que se diz, e que é, provavelmente, o maior império de negócios do país e do Mundo. "Legalize it!" Dizem aqueles jovens mais afoitos e que já conhecem, minimamente, a lei! Outros... muitos outros remetem-se ao silêncio. As suas almas morrem lentamente. Perdem aquele lindo brilho nos olhos... Estão reféns... São milhares e milhares de crianças e jovens por todo o país. Muitos não nos apercebemos e quando damos por isso... já é tarde! Já conhecem todos os esquemas legais... Já sabem que é legal ser portador de x gramas... A rede está montada (não me perguntem como?).
        O crise económica potencia, ainda mais, o tráfico de drogas e estupefacientes. O desespero das famílias e todos os problemas sociais, o deixar de acreditar ... cria um ambiente hostil para todas as crianças. Se os pais deixam de ver o horizonte... como o poderão mostrar aos seus filhos?
        A vida agitada de nós pais, mesmo que seja à procura de emprego, poderá nos distrair e não termos tempo para os nossos filhos. Nunca tentemos compensar o Amor que não temos tempo para dar... dando bens materiais! Se assim for... a criança cresce ao abandono. Tem teto? Tem cama? Tem TV no quarto? Tem telemóvel? Tem Playstation? ... Tem tempo para amar e ser amado pelos pais?
        A vida dos nossos filhos é a nossa vida! O combate ao flagelo da droga apenas pode ser combatido no seio familiar! As autoridades pouco podem fazer... A Escola pouco pode fazer, embora os seus regulamentos internos sejam bem claros em relação ao consumo e tráfico de drogas dentro da escola... tudo fica consumado ao sair do portão da Escola...
        Queridos pais... acordemos para este flagelo... Os nossos filhos não precisam de dinheiro para levar para a Escola... Dêem-lhes apenas dinheiro para a senha de almoço... Façam aquele lanche (com amor) e não lhes comprem "Bolicaos" e "Chipicaos", como se fosse aquele saco de ração que compramos para os nossos cães (até os cães reconhecem uma boa refeição, nem que sejam os restos).   
         Sabem...? Não é preciso muito dinheiro para manter consumos diários de droga! Além do aumento exponencial da oferta do produto original, existem mil e uma maneiras de o falsificar... Desde os meus tempos de estudante que ouço falar dos preços de uma "pedra" de haxixe! Meus amigos... desde os 25 € (5 contos há muitos anos atrás) até aos 3,5 € (a cotação mais recente que ouvi). Haxixe é um pequeno exemplo... pois a variedade de drogas, sobretudo sintéticas, proliferam a cada dia que passa!
         Queridos pais! Não lhes encham os bolsos com dinheiro, nem a vida de bens materiais... Dediquem-lhes diariamente um pedacinho do vosso tempo... Atestem-lhes o coração de Amor!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Nosso Percurso até ao "Corredor da Morte"

        É incrível! O planeta Terra tem cerca de 4 600 milhões de anos (ou 4,6 Bilhões - no sistema contagem dos E.U.A.). Desses, 4 599 999 800 foram de relativa harmonia, num processo de autoregulação do nosso Paraíso. Nos últimos 200 anos (correspondente a cerca de 0,000004 % da Idade da Terra) , a Revolução Industrial aliada à ganância do Homem e à exploração desenfreada dos combustíveis fósseis, colocaram-nos no "corredor da morte". Nunca outro ser vivo, causou ao planeta Terra, tantas transformações em tão curto espaço de tempo!
        Para que todos conheçam, de uma forma lúdica, o nosso percurso até a esse "corredor", deixo-vos o seguinte vídeo, partilhado por uma colega:

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

"Animal": Def Leppard


        Depois do último comentário da minha Tia  ao meu último post... deixo aqui parte da letra de "Animal" e o vídeo da música preferida (dos Def Leppard) do meu amigo Isidro. Muito diz sobre tudo o que sinto, que penso e que tenho escrito nos últimos dois meses e meio.
Pormenor... reparem no excelente baterista (Rick Allen), apenas com um braço... uma das razões que nos levavam a ser, ainda mais, fans dos Def Leppard. Deixo o seguinte link para conhecerem mais um exemplo de uma pessoa que foi bafejada pela tragédia de um acidente rodoviário. Um exemplo de quem sobreviveu e nunca desistiu dos seus sonhos! Há quem não sobreviva e os seus sonhos tornam-se eternos!
                                                                                     http://pt.wikipedia.org/wiki/Rick_Allen


"Animal"

"A wild ride, over stony ground
Such a lust for life, the circus comes to town
We are the hungry ones, on a lightning raid
Just like a river runs, like a fire needs flame
I burn for you

I gotta feel it in my blood whoa oh
I need your touch don't need your love whoa oh

And I want and I need
And I lust animal
And I want and I need
And I lust animal

Cry wolf, given mouth to mouth
Like a movin' heartbeat in the witching hour
I'm runnin' with the wind, a shadow in the dust
And like the drivin' rain, yeah, like the restless rust
I never sleep"...


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Amigo que Vive dentro de Mim

        Domingo, 16 de Abril de 1989. O dia que me havia de marcar para sempre a minha vida. Nesse dia … no final desse dia, senti algo de muito estranho. Senti tristeza, senti que algo não estava bem. Sentei-me em frente à minha casa, num pequeno rochedo, mesmo junto aquela murta (arbusto) do lado da “atafona” (casa com moinho movido a tração animal)! Não ouvia o cantar dos melros, característico ao pôr do sol. Apenas “ouvia” um silêncio profundo…
        No dia seguinte… entrei no autocarro para a Escola! Como de costume, chamei logo pelo Isidro, pensando que estava escondido por detrás de algum banco (adorava brincar)! Um a um, vi os meus colegas a começar a chorar… Sentei-me ao lado do nosso amigo José António … José desatou a chorar e disse “Rui, o nosso Isidro morreu!”. Foi como que se o Mundo acabasse ali… Considerava o Isidro Rosa o meu irmão, um amigo … Brincávamos juntos, estudávamos juntos, ouvíamos Def Leppard juntos, fazíamos caça submarina juntos… Sempre feliz… trazia felicidade aos que o rodeavam… Aquela gargalhada era inconfundível!
        Naquele dia, depois do futebol, Isidro regressava a casa, nas calmas, na sua moto (50 cc). Ao ultrapassar uma carrinha, ali mesmo junto à casa do Padre Pedro, no Cabeço Chão, esta virou à esquerda. Embateu na carrinha e caiu, batendo com a caixa torácica no canto do muro. Manteve-se sempre consciente. Sem hospital na Ilha, esperou pela lancha para o levar para a Ilha do Faial. Não resistiu ... uma costela havia lhe perfurado um pulmão. Na viagem para o Faial, dizia ao pai... "Retira-me a mota, mas não me deixes morrer!". Provavelmente se houvesse um hospital por perto... tudo teria sido tão diferente.
        Quando vi o Isidro, pela última vez, não acreditei que tinha falecido. Mantinha aquele ar de felicidade. Tudo não passava de um pesadelo. Pedia a Deus um milagre... Esse milagre foi concedido, pois Isidro nunca morreu! A sua vida continua... continua dentro de mim, tendo me ajudado imenso na minha caminhada e na forma de encarar a vida! Tem sido uma referência para os meus alunos! Partilho episódios da sua vida, com quase todas as turmas que tenho!
        Partilho um convosco, ao qual devo parte da minha existência. Um dia, num mergulho de Inverno de caça submarina, na Costa do Cabrito (Santa Luzia, Pico-Açores), Isidro restitui-me a vida. Num mergulho, depois de ter esperado por um sargo dentro de um buraco a cerca de 15 metros de profundidade, tendo-o trancado e o arpão ter ficado preso entre duas rochas, não consegui sacar o arpão. Não sustendo mais a respiração, iniciei a minha subida à superfície. Por azar, enquanto estava a tentar sacar o arpão, o fio enrolara-se na minha perna direita e no punhal. Tentei descer um pouco, mas já não conseguia. Tentei tirar o punhal para cortar o fio, mas este estava embrulhado no fio. Quando dei por mim, o Isidro já me tinha trazido até à superfície, após ter cortado o fio e me tirado o cinto do chumbo! A vida é tão frágil… e está “presa por um fio”! O Isidro segurou-me esse fio! Não o pude fazer ao Isidro, no dia 16 de Abril de 1989!
        É incrível. Apenas tenho uma foto junto do Isidro. Vivíamos tão intensamente que não tínhamos tempo para tirar fotografias. Fica aqui uma foto da turma do 10º Ano (1988). Todos conseguem identificar o Isidro. Basta procurar quem tem o maior sorriso!                                          
       

       Ficam aqui dois textos do Isidro, escritos em Inglês (e traduzidos por mim), pouco tempo antes de nos deixar fisicamente. Guardo cópia dos originais. Traduzo-os e partilho-os convosco. Têm me levado a refletir... Nada acontece por acaso!

“REFUGIADO”
“Em primeiro lugar isto não é mais do que um pesadelo que de certeza irá expirar depois de mais uns minutinhos da minha sesta diária. Os dias vão passando, mas, espera um momento … eu começo a sentir a dor, o desespero … e não consigo acordar.
A minha impaciência está a crescer ao mesmo ritmo que os dias se tornam maiores, sem qualquer significado e sem quaisquer sinais de esperança ou futuro.
O que faço aqui? Porque sou vítima da ganância de alguém, pelo poder ou pela teimosia nacionalista sobre ideais impossíveis???!
Estou-me a tornar fraco e sem força para resistir ou continuar a viver, o que apenas me dá a habilidade para aqui me deitar e providenciar ao meu sofrimento memórias de uma vida que uma vez existiu….”





        “Passados todos estes anos, finalmente consegui alcançar a Terra desejada, é maravilhoso não é? Na realidade, não é! É de alguma forma assustador e enervante. Poucos balanços tenho dado desde…tu sabes o quê. É com muita dificuldade que consigo pegar com firmeza na esferográfica para escrever (vejam a minha caligrafia). Parece que todo este enorme país tem os seus olhos colados e concentrados neste meu pequeno quarto e em mim, seguindo-me todos os meus movimentos, à espera do meu primeiro erro para que todos saltem sobre mim, transformando-me num bonito embrulho de papel canelado, para ser enviado de volta às minhas origens, com o carimbo de “Rejeitado” inscrito numa das suas faces.
            Amanhã terei de enfrentar o chamado “novo mundo”. Cada passo que tiver de dar será como se fosse o primeiro, cada passo que eu não der será como algo que me passou ao lado ou que eu deixei para trás. A minha jornada pelo desconhecido irá começar, levando-me a percorrer um caminho cheio de obstáculos ou, talvez, uma suave autoestrada que o meu destino me aguarda…”


                                                                                                           Isidro Rosa



domingo, 15 de janeiro de 2012

"COUNTDOWN"

http://www.arethemost.com

        Faltam apenas 5 minutos para o apocalipse! É um excelente alerta! Ver ( http://hypescience.com/relogio-do-fim-do-mundo-mais-proximo-da-hora-final/ )
       O Paraíso também tem um fim... Muitos falam de um Paraíso extraterrestre... Amigos, Ele está sob os nossos pés. Pisamo-lo todos os dias ("Pisar" nos Açores também significa "Magoar" - por exemplo "Pisar alguém"). http://serounaoserverdade.blogspot.com/2011/11/afinal-o-paraiso-existe.html



       
        Deixo um vídeo que a minha colega Sílvia Louro me enviou num comentário do último post. Deliciem-se e... acordemos, porque faltam apenas 5 minutos...



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Aprendendo com os "Outros" Animais

        Ditos irracionais... todos os outros animais (como que se a palavra "outros" os depreciasse em relação à nossa espécie). O Hominídeo assim os apelidou, auto-intitulando-se de racional, tornando-se numa espécie animal egocêntrica e dominante. Dita as leis ... destrói o seu habitat e o dos outros... mata os da sua espécie e todas as outras... e diz "somos racionais".  Diz que apenas nós temos "sentimentos", desprezando tudo o que a Natureza lhe dá e lhe pode ensinar.
         Desde criança considero-me um sortudo, sobretudo a partir dos meus 6 anos (quando vim viver para os Açores), por ter tido a sorte de ter caído num sítio, onde na altura havia ainda um extraordinário equilíbrio entre o Homem e a Natureza, onde a convivência com os animais me ensinou muito a enfrentar a vida de uma outra forma. Se me dizem: "tens comportamentos animalescos!"... O que posso dizer? Se se referem ao comportamento de muitos dos outros animais, só posso agradecer!!! Eh! Eh!
        Sempre tivemos animais (dos outros) lá por casa. Na realidade todos os têm e não se apercebem... e quando se apercebem "Aiiii... uma aranha, Aiii... uma barata, Aiii... uma mosca...!" Aiiii, para quem? Coitado de todos estes insetos ditos repugnantes, que o mínimo que lhes espera é um "Tráaaas" de um mata moscas ou de um chinelo. Quando se construiu a habitação naquele local, os seus familiares já não viviam lá...? Somos mestres em ocupar o lugar dos outros... Enfim... já estou a divagar... deixa-me ir ao que interessa...
        Para além dos animais que vivem livres na Natureza, os animais domésticos também sempre me ensinaram muito. Por isso hoje, a viver numa casinha por terras do Ribatejo, faço um esforço para que as minhas filhas cresçam rodeadas de animais. Cabras, ovelhas, pónei, cães (já são 6), peixes, galinhas e patos... espécies que temos tido cá por casa e que nos preenchem a vida!
        O comportamento animal fascina-me! Em criança ficava muitas vezes parado a observar os animais. Aquele vôo planado dos nossos milhafres e de repente aquela queda livre, tipo flecha, para capturar o seu alimento. Aqueles morcegos ao fechar da noite, num vôo intermitente a caçar (sem ver) todos aqueles insetos. Aquelas cagarras num vôo rasante ao mar, com a pontinha da asa a tocar na água, à espera de enganar um peixe... Poderão pensar, mas o que têm, estes exemplos, de bom... Alguns até dirão: isso não é exemplo nenhum para o Homem, porque implica caça... morte... Amigos, até aqui os animais são fascinantes... Tudo isto se chama equilíbrio... equilíbrio dos ecossistemas. Se retirarem um destes animais destes habitats... graves consequências virão. São as leis da Natureza (as únicas que reconheço como perfeitas, como equilibradas)! Mas, muitos outros exemplos poderei dar, que nos servem de lição e que nos levam a refletir sobre a pertinência da designação de "animal racional".
         Cuidamos bem dos nossos filhos? Amamos os nossos filhos? Na verdade há quem os abandone... há quem não os queira ou possa ter (por exemplo por falta de condições)... Nos outros animais acontecem coisas extraordinárias... Zelamos pelos nossos filhos? Por exemplo, uma cadela dá à luz 10 caezinhos (o que aconteceu cá em casa no dia 23 de Novembro último). A proteção daqueles bebés torna-se uma prioridade para aquela mãe. Sendo uma cadela dócil no dia a dia, naqueles primeiros dias após o parto, rosnava quando tocávamos naqueles lindos peluchinhos vivos! Era apenas um aviso: "Não lhes façam mal, ou eu passo-me!". Depois vinha a higiene, que muitos poderão considerar como nojento... Sempre que os bebés defecavam ou urinavam, aquela zelosa mãe limpava a zona, ingerindo estes excrementos! Quem não gosta de mudar a fralda dos filhos??? Quem era capaz de fazer tal coisa por um filho? Para além da higiene é uma forma que muitos mamíferos têm de confirmar se os filhos são realmente seus. O "sabor" ou o cheiro da urina e dos excrementos é uma forma de identidade, pois ao se alimentarem do leite materno, aquela é uma prova de que foram eles a mamar das tetas da mãe.
        O mesmo acontece, por exemplo com as cabras. Se tivermos um cabrito órfão (por exemplo) e quisermos que ele se amamente de outra cabra, sem que esta o rejeite,  teremos de dar leite dessa cabra ao cabrito. A cabra mãe (ok... lá está a malta a rir da expressão... respeitem os animais, ok!!!) cheira-lhe o rabo e reconhece que aquela urina e aqueles fezes, correspondem os seu leite. A partir daí reconhece-o como seu!
        Um grupo de cachalotes nadam descansadamente à superfície. De repente sentem-se ameaçados por um barco que se aproxima ou por um predador... Para protegerem uma cria de cachalote, fazem uma formação circular e na vertical, deixando a cria no seu interior.
        Uma mãe golfinho vê uma cria com dificuldades respiratórias ou mesmo morta. Desesperada, empurra-a para a superfície para a tentar reanimar.
        Sobre exemplos que poderei apelidar de "amor materno" e que outros dizem que não passam de instinto animal... poderia continuar a escrever. E de espécies que mantêm o seu par por toda a vida??? Sabiam que aves como a coruja das torres ou as cegonhas, depois de acasalarem, mantêm-se unidos por toda a vida???
        E a simbiose entre duas espécies que tinham tudo para ser inimigas??? Desde pequenino que pratico mergulho. Nadar com tubarões e ver a beleza e o equilíbrio dos seus movimentos fascina-me (sendo que os primeiros encontros aumentou-me imenso o meu ritmo cardíaco, o que para eles é um fator de stress e de alerta, pois é sinal de que poderá estar uma presa por perto). Vê-los acompanhados por uns peixinhos chamados rémoras é espetacular. Aquele tubarão é, diariamente, acompanhado pelo seu higienista oral, que lhe limpa os restos de peixe que lhe ficam presos nos dentes ou que se desperdiçam. Por sua vez... a rémora aproveita o alimento e a boleia deste lindo lamniforme, conseguindo fazer grandes e rápidas viagens sem se cansar muito.
        E... uma moreia pintada que alimentei durante muito tempo, durante os meus mergulhos de caça submarina. Todos os dias, lá estava ela, naquele buraco ali junto da "Ponta da Baixa", à minha espera. Apanhava um sargo ou uma salema e lá lhe ia dar. Saía do buraco e vinha buscar aquele banquete... Um dia não veio... provavelmente alguém a tinha pescado... para minha tristeza! E os peixes que pesquei... com certeza que fariam falta a alguém!
        Para terminar, faço uma homenagem ao meu primeiro cão, que veio de Sant'Ana (localidade da Ilha do Pico), quando eu tinha para aí uns 7 anos, num bolso do casaco de meu pai, naquela Casal 50. Ainda nem abria os olhos! Cresceu, sendo um grande protetor da família e da casa. Teria mil e uma histórias para contar sobre o Fiel, aquele pequeno cão de pelo curto, preto e branco. Uma delas... Uma das nossas galinhas fugiu para o quintal da vizinha Laurinda do outro lado da rua. Sem ninguém lhe dizer nada, invadiu o quintal da vizinha, e no meio de tantas galinhas, pegou na nossa e trouxe-a para casa! O cão surpreendia-nos quase todos os dias, nem que fosse com uma dentada em algum desgraçado que entrasse no nosso quintal sem autorização. Se meu pai estivesse por perto  e dissesse: "Fiel.. não se toca!" ele acatava a ordem, ou então... teríamos problemas! Peço desculpa... não resisto em contar mais uma... Um dia meu pai recebeu o Sr. Sorrica lá em casa. Conversou com ele na rua um bocado e esqueceu-se de dizer "Não se Toca!". Entrou em casa seguido pelo Sr. Sorrica, e já quando este tinha entrado e estava a puxar o resto da última perna a ultrapassar a porta disse: "Aiiii Manuel, o filho da p*** já me mordeu"!

        Amigos... não exagerem nos comportamentos animalescos mas, nunca esqueçamos... também somos animais!

                                                                                              Abraço

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Liderança Política - Dar o Exemplo ao Cidadão Comum


Comparo um país que vive em democracia (se é que existe algum), a um barco… a uma caravela! Um barco que depende do trabalho, da dedicação, da honestidade de todos. O comandante, o “veleiro”, o carpinteiro, o calafate, o cozinheiro … todos são importantes. Todos têm uma função! Todos têm direitos e deveres! Todos se respeitam e reconhecem que, sem o próximo, tudo se torna mais difícil. Todos contribuem para levar aquele barco a bom porto! O Comandante orienta, planeia, toma decisões! O Comandante dá o exemplo! Respeita e valoriza o trabalho de cada um! Motiva! Não faz jogo sujo, nem esconde quem é! Cooperativamente, todos ganham energia para seguir o rumo traçado pelo Comandante! Todos confiam nele! Gosto muito do provérbio moçambicano “Não se assinala o caminho apontando-o com o dedo, mas sim caminhando à frente”. Os nossos comandantes apontam um caminho, mas não o trilham. A nossa caravela (PORTUGAL), há muito que perdeu o seu timoneiro! É uma crise de liderança! "O líder é alguém que nos inspira a não 'apequenar' a vida, o trabalho, a empresa, a comunidade, a nação o mundo."(Mario Sergio Cortella, filósofo, consultor e professor - Maio 2005). A liderança política deixou de ser uma missão, para ser uma redoma de mordomias e de compadrio.
Há cerca de um ano, fazia uma viagem de avião entre os Açores e Lisboa. Em classe executiva viajavam vários políticos e pessoas de renome. Ao sair do avião, pela porta da frente, tive vergonha de ver o estado de limpeza onde viajaram aquelas pessoas. O chão estava cheio de papéis e lixo! As minhas filhas ficaram perplexas! Porque não viajam os políticos em classe económica? Porque a maioria dos ex-políticos são diretores e presidentes das grandes empresas públicas portuguesas? Porque existem empresas público-privadas? Até aqui é um faz de conta! Será pública ou será privada? É porque se fosse privada, a gestão seria com certeza diferente! Será que o ser pública, é uma forma de proteção daqueles que fazem uma gestão danosa privatizando apenas os seus cofres? O estado a cobrir os milhões perdidos pela incompetência de alguns? E as derrapagens financeiras das obras públicas? Parece que o português não entende que o que é público é de todos! É teu, é meu, é nosso! Custa a todos! Esbanja-se o que é público, porque há uma cultura enraizada que não custa, que não é nosso! Depois... Depois vem a "Troika"... Depois vem a austeridade... para os mesmos do costume...
Será que muitos políticos, quando andavam na Escola, riscavam as carteiras e o mobiliário escolar? Com os exemplos e políticas que vêm de cima, cada vez mais os nossos alunos, não sentem a Escola com sendo sua, dos seus antepassados e dos seus descendentes. O país é de quem? É nosso ou não é nosso? É uma realidade muito triste!
Nos últimos dias andou a circular na internet a seguinte mensagem, desconhecendo o autor que a lançou. Poderá ser um começo. Fica o desafio, já que muitos andam "mortinhos" para alterar a constituição:
 "Alteração da Constituição de Portugal para 2012 para poder atender o seguinte, que é da mais elementar justiça:
     1. O deputado será pago apenas durante o seu mandato e não terá reforma proveniente exclusivamente do seu mandato.

     2. O deputado vai contribuir para a Segurança Social de maneira igual aos restantes cidadãos. Todos os deputados ( Passado, Presente e Futuro) passarão para o actual sistema de Segurança Social imediatamente. O deputado irá participar nos benefícios do regime da S. Social exactamente como todos os outros cidadãos. O fundo de pensões não pode ser usado para qualquer outra finalidade. Não haverá privilégios exclusivos.
    3. O deputado deve pagar seu plano de reforma, como todos os portugueses e da mesma maneira.
    4. O deputado deixará de votar o seu próprio aumento salarial.
   5. O deputado vai deixar o seu seguro de saúde atual e vai participar no mesmo sistema de saúde como todos os outros cidadãos portugueses.

6. O deputado também deve estar sujeito às mesmas leis que o resto dos portugueses.
    7. Servir no Parlamento é uma honra, não uma carreira. Os deputados devem cumprir os seus mandatos (não mais de 2 mandatos), e então irem para casa e procurar outro emprego."

sábado, 7 de janeiro de 2012

Queridos Pais

       Os anos vão passando... Crescemos... Quando damos por nós, uma alegria imensa invade a nossa vida ao sermos pais. Começamos a valorizar, muito mais, tudo o que recebemos dos nossos pais, a começar pelo Amor.
        Cada dia que passa, olhamos para trás... Mergulhamos nas nossas origens... Recordamos todos os momentos que passamos com o nosso querido Pai e com a nossa querida Mãe. Biologicamente, todos os têm! Na vida e de coração, nem todos têm ou tiveram a sorte de os ter! Muitos encontraram os pais noutros familiares ou em pessoas que não partilham a consanguinidade! Outros nunca chegam ou chegaram a sentir o amor de uma Mãe, o amor de um Pai. Sou um dos felizardos do nosso planeta ...
       Tudo o que sou devo ao meu Pai e à minha Mãe. Meus pais vivem e sempre viveram para os filhos. Nos meus primeiros passos ensinaram-me a caminhar. Deram-me a mão e guiaram-me pelos caminhos que não me levavam ao precipício. Fui crescendo... fui tomando consciência do mundo onde vivo. Já consciente das minhas pisadas, mostraram-me todos os caminhos, mesmo aqueles que me poderiam levar ao abismo. Não me barraram nenhum. Aconselharam-me ... contaram as experiências das caminhadas feitas (por eles) por muitos desses caminhos (os difíceis e os fáceis). Enquanto jovem, na idade da "parvalheira", quando temos a mania que somos donos do mundo e quando o nosso ego finge não ouvir 90% dos conselhos dados pelos pais, lá pisava aquele caminho mais arriscado... Felizmente, aprendi com os meus pais, quais os meus limites e até onde poderia ir! Nos sonhos... ensinaram-me que não existem limites!
        Meus pais sempre conseguiram um extraordinário equilíbrio no Amor que partilharam com os seus filhos. Uma mão sempre pronta para dar todo o carinho que um filho pode ter, outra mão para dizer não (as 2 formas de amor que toda a criança precisa). Realizaram o sonho de dar estudo aos filhos. Realizaram o sonho de lhes dar todas as ferramentas para enfrentar a vida e os obstáculos que ela nos apresenta! Obrigado por tudo!
        Uma vida passa... um amor enorme cresce e brota na relação pais-filhos. No entanto, enquanto jovens e mesmo depois de adultos, raramente ou nunca dizemos o quanto os amamos. Penso que todos passam por isso. Todos, um dia, arrependem-se por uma vida ter passado e nunca o terem dito. É algo muito estranho...
        Na vida cortam-nos o cordão umbilical duas vezes. Uma primeria vez à nascença e outra quando saímos da casa de nossos pais.  No segundo corte, a vida obrigou-me a não viver permanentemente e fisicamente perto dos meus pais. Por isso, vivo intensamente cada momento que estamos juntos. Todos que têm a sorte de viver (fisicamente) sempre perto dos seus pais, valorizem-no!!! Amem-nos... Retribuam  todo o amor (nunca o vamos conseguir) que tiveram a sorte de ter! 
        Meus queridos pais, dou graças a Deus por vos ter escolhido para serem meus pais. Meus queridos pais, amo-vos muito... por tudo aquilo que são... por tudo aquilo que me deram!

Ficam aqui dois vídeos. Um é um tributo aos meus pais, o outro para ... refletirmos...


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Alguém Viu o Açor?

        O nome atribuído às "ilhas de bruma", Açores, tem sido um mistério e existem várias teses para a sua origem. Há quem diga que os primeiros povoadores viram muitos Açores ao chegarem a estas lindas ilhas, mas que na realidade eram os nossos queridos milhafres. Há quem diga que "Açores" vem de "Azures" (azúis) - Azores em inglês. Já ouvi muitas versões embora a primeira seja, para mim, a mais credível.
        A verdade é que há dias, alguém viu um açor a sobrevoar a Ilha do Pico... O vôo foi testemunhado pelas câmaras de TV e as imagens passaram nos telejornais das TVs (ainda) ditas generalistas. Alguém disse: "It´s a bird! It´s a plane! No.... it´s Mário Pardo", um dos mais reconhecidos paraquedistas mundiais de queda livre, um português apelidado de "o homem pássaro".
        Ao ver as imagens da reportagem... despertou-me aquela saudade imensa desta linda Ilha negra, onde os nossos antepassados conseguiram transformar aquele basalto negro, juntando aqueles pedacinhos de solo que se formava nos interstícios da lava solidificada, aglomerando as pedras soltas em "maroiços" e criando aqueles punhados de terra de onde, hoje, brotam as videiras que são Património Munidal da Unesco.
        Depois a montanha... mágica... Tantas vezes que a escalei, cada vez com emoções diferentes. A "quebrada" de onde saltou Mário Pardo é o que sempre chamei de "A Minha Varanda". Sempre que chegávamos à cratera da Montanha, dirigíamo-nos para aquela varanda, virada para a nossa freguesia (Santa Luzia) e contemplávamos aquele cenário idílico, aquele nascer ou pôr do sol, aquele mar gigantesco salpicado por ilhas (Faial, São Jorge, Graciosa e Terceira), sendo aquela varanda o "Centro do Universo" (a Ilha do Pico)!
        O ser humano é tramado. Nunca está satisfeito com aquilo que tem. Sendo eu ser humano, fica aqui mais um desejo... Quem me dera que a Natureza me desse asas para poder sobrevoar fisicamente a minha ilha mais vezes. Fisicamente... sim, fisicamente... porque de resto passo por lá todos os dias!

Contemplem os vídeos do vôo do Açor.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Deixai as Crianças Brincar!

        As crianças já não têm tempo para brincar, já não têm tempo para ser crianças! Brincar é das coisas mais importantes na formação de um indivíduo. Brincar é simular situações da vida real de um adulto. Brincar é experimentar! Brincar é crescer! A vida alucinante da era digital acabou por afetar diretamente a vida dos nossos filhos, dos nossos alunos, bem como as políticas educativas. Os brinquedos, os colegas e os amigos foram substituídos pelos videojogos, pelo computador, pela internet e pelo telemóvel. Achou-se que todos os alunos deveriam ter um computador. Inventou-se o “magalhães”! Crianças que chegam a casa, não têm jantar, mas têm à mesa um computador portátil, sem saber muito bem o que fazer com aquilo! Passado um ano, poucos eram os magalhães a funcionar!
O “choque tecnológico”, trouxe às nossas salas de aula os “quadros interativos”. São, sem dúvida, um bom instrumento pedagógico, mas nunca poderemos cair na tentação de desprezar todos os outros (incluindo o quadro preto). Passou-se a ideia que o choque tecnológico traria o sucesso! Que eu saiba, nenhuma tecnologia conseguiu ainda recriar o nosso mundo 3D e os sentimentos das pessoas. Há professores de Matemática (que foram contagiados pela febre do "choque tecnológico" do último governo) a trabalhar os sólidos geométricos no “quadro interactivo”. Esqueceram os velhinhos sólidos de madeira que estão numa caixa da arrecadação. Interativo? O quê? Só se for apenas o nome do quadro? A interação pressupõe sempre o mundo real, o tato, todos os nossos sentidos, e os nossos sentimentos! “O conhecimento não provém, nem dos objetos, nem da criança, mas sim das interações entre as crianças e os objectos” (Jean Piaget). Uma imagem que pretenda reproduzir um objecto (3D), será sempre virtual, pois sentidos como o tato ou o olfato, estão desprezados. Logo, objetos virtuais são objectos que não existem na nossa realidade. Andaremos a enganar os nossos alunos, os nossos filhos? Será que as crianças de hoje cada vez interagem menos com objetos reais, mas apenas com objetos virtuais? Será isto brincar? Será que se proporcionam, às nossas crianças, as interações de que Jean Piaget se referia?
        O tempo diário reservado à interação (não controlada pelos adultos) e à brincadeira, quase deixou de existir! Os pais não têm tempo para ir buscar os seus filhos mais cedo … cria-se a escola a tempo inteiro nos primeiros anos de escolaridade (1˚Ciclo). Mais Escola, mais horas, controladas por adultos, onde as crianças não brincam e quase não interagem umas com as outras. Depois diz-se que é muito positivo, porque aprendem mais, aprendem a expressão musical, expressão plástica, expressão física! Mas, então, estas áreas já não deveriam fazer parte das actividades curriculares??? Não serão estas áreas, nestas idades, tão ou mais importantes do que a Matemática ou as Ciências na formação de um indivíduo??? (ver http://serounaoserverdade.blogspot.com/2011/10/disciplinas-essenciais.html ). Seria interessante, comparar os resultados, no 5˚ Ano de Escolaridade, de crianças que frequentaram a Escola a tempo inteiro e as que não frequentaram (com situações socioeconómicas semelhantes). Curiosamente, os casos que conheço e que tiveram a sorte de não frequentar, conseguem um desempenho escolar igual e muitas vezes superior àqueles alunos que frequentaram. Porque será que isto acontece??? Recordo-me de sair às 15h30 na “primária”. Até casa experimentava, com os meus amigos, uma série de brincadeiras espetaculares. Chegado a casa e feitos os deveres escolares, juntávamo-nos novamente para brincar: construir casinhas (numa árvore ou não); jogar aos “cowboys”; mungir e “mudar” as cabras. Cada dia era uma aventura! Brinquei muito até aos meus catorze anos! Ainda hoje brinco! Disse catorze anos, porque recordo-me de pedir um carro telecomandado pelo Natal. Ouvi uma conversa entre meu pai e minha mãe. Minha mãe dizia: “Manuel, achas normal com quase 15 anos, o Rui pedir um carrinho?”. Lembro-me de meu pai dizer: “Maria, provavelmente será o último carrinho que nos pede. Vamos fazer um esforço para o oferecer”! E foi … com 16 anos já estava a tirar carta de condução automóvel no Estado de Nova Iorque, numa viagem de Verão à minha terra natal.
        As crianças crescem fisicamente. Nos 2º e 3º Ciclos e no Secundário, decide-se que os alunos deverão estar sempre ocupados. Criam-se as aulas de substituição. Agudizam-se os problemas disciplinares. Os alunos perdem tempo para interagirem, libertarem energia, brincarem e crescerem! "Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do Homem." (Carlos Drummond de Andrade).

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O Sistema

       O Sistema... Uma organização...
      Na Natureza encontramos inúmeros exemplos de sistemas... O nosso corpo é formado por sistemas, todos autónomos, todos interdependentes (o que seria, por exemplo, o sistema respiratório sem o sistema circulatório?). Enfim... muitos são os sistemas e aqueles que a Natureza criou parecem perfeitos!
        Hoje falo de outro Sistema, um Sistema criado pela mão humana! O Ser Humano é extraordinário, mas infelizmente, muitas vezes na procura de melhorar o mundo onde vive, levado pela ganância, comete erros de percurso que se tornam incompatíveis com os mais nobres valores da humanidade. Os pais da Democracia, hoje devem estar "a dar voltas dentro do caixão"! Tudo parecia perfeito. Até hoje, nenhum outro Sistema Político se demonstrou, pelo menos em teoria, mais respeitador pelos valores da humanidade, começando pela Liberdade! No entanto, aos poucos, a DEMOCRACIA, tornou-se num Sistema Político do faz de conta, criando-se leis que beneficiam o poder económico, caindo por terra a ideia de que todos os cidadãos têm os mesmos direitos e deveres, caindo por terra os princípios da igualdade e da liberdade! Felizmente ainda vou dizendo o que penso e o que sinto, embora saiba que a "Lei da Rolha" ande por aí disfarçada de qualquer coisa! 
- Criaram-se os partidos. O "Sistema Faz de Conta" vai alimentando cada um destes grupos restritos, bem como os seus "boys". A ideia de que um político dá o exemplo e está de corpo e alma a trabalhar em prol de todos os cidadãos e do país... cai por terra!
- Cria-se a figura da Assembleia da República (Casa Mãe da Democracia), onde há deputados que deveriam estar a representar as diferentes populações do país. De repente alguém fala em "disciplina de voto partidário", havendo pessoas a votar contra a sua consciência e contra a vontade do seu povo (há quem faça declaração de voto... Como poderão dormir descansados?). Se as bancadas parlamentares votam em bloco para que servem tantos deputados? Ter 100 de uma bancada a votar a favor e 50 de outra a votar contra, matematicamente falando e na prática, é o mesmo que ter 2 a favor e 1 contra (num total de 3). Ou seja, 150 deputados de 2 bancadas parlamentares poderiam dar lugar a apenas 3 deputados. Na prática tudo ia dar ao mesmo... na teoria era um escândalo, pois alguém diria que não havia representatividade das várias regiões do país.
         Depois são os exemplos de democracia que emanam desta "Casa Mãe", exemplos que deixam muito confusos os nossos filhos, não havendo coerência com o que aprenderam nos compêndios!
- Criam-se os Sindicatos, com o objetivo de defender cada uma das classes profissionais. De repente alguém diz que o seu sindicato é de esquerda, outro diz que é mais de direita... politizam-se os sindicatos! "Ai... essa é uma boa medida" ... "Eh pá... isso é uma ideia de direita" (ou de esquerda)... "Esqueçam lá isso!". "A luta continua e o povo vem para a rua!" Há anos que andamos nisto e a vida do trabalhador sempre a andar para trás! Afinal... quem ganha com isto?
Atenção... Já fui dirigente sindical... já fui daqueles que até há dois ou três anos atrás, nunca deixei de me juntar nas ditas "lutas"... Sugeri outras formas de "luta"... mas muitos não querem passar das greves e das manifs! Alguém dá um rebuçado depois de nos assaltar e ... lá ficamos felizes, com aquele docinho momentâneo na boca! Aos poucos... fui percebendo que os Sindicatos, infelizmente, fazem também parte do "Sistema Faz de Conta".
- Criaram-se os impostos... todos os cidadãos a contribuir para um Sistema Democrático que proporcionasse um mesmo bem estar social para todos!!! Depois fala-se em fuga ao fisco e evasão fiscal!!! Criam-se as "offshores", paraísos fiscais onde o poder económico (e mesmo o político), conseguem fugir das suas obrigações fiscais (veja-se o recente exemplo da CGD)! Outros mudam a sede fiscal para outros países! E se o Zé Povinho também o fizesse? O que seria do país? Como iriam cumprir com os acordos da troika? Esbanja-se ao desbarato o dinheiro dos contribuintes cumpridores! O dinheiro não chega para tantas mordomias e esbanjamento... Criam-se brigadas fiscais para ver se aquele agricultor que vendeu uma arroba de batatas ao vizinho pagou o imposto... para esfolar até ao tutano o contribuinte trabalhador (o dito evasor fiscal... Sinceramente...)! O país tinha condições para ser rico... Fora todos os outros impostos... imaginem 23% (quase 1/4) do valor de quase todos os produtos transacionados a reverter para os cofres do Estado???
- Criou-se a CEE... Excelente a ideia original... Aos poucos pagaram a muitos países para destruir a sua identidade!!! Identidade ... foram as castas de vinha arrancadas, a frota pesqueira abatida, o estabelecimento de cotas para aquilo que produziamos mais e melhor!!! Pagaram para destruirmos o que era nosso e nós destruí-mo-lo! Depois falam-nos em plantar mais olivais e em "chuva de azeitonas", quando competimos com paízes como a Turquia ou a Espanha! Criaram-se normas e mais normas ... criou-se a ASAE e muitos daqueles produtores caseiros de produtos tradicionais tiveram de fechar portas...por não ter dinheiro para investir para satisfazer tantas normas! Dá-se lugar apenas aos grandes empresários!!! O que temos para oferecer hoje ao Mundo??? AutoEuropa??? É bom que os estrangeiros queiram investir em Portugal, mas seria muito melhor se as marcas fossem nossas... originais! Lembro que até a nossa Indústria Automóvel não soubemos manter... Sabem que ainda circulam milhares de UMMs nas nossas estradas (quase há 20 anos que deixaram de ser produzidos)?
- Criaram-se condições para os produtos chineses invadirem o nosso mercado... a qualidade deixou de contar... Fiscalizam-se os nossos produtos... Tudo o que vem da China foi e é admitido. Ok... de vez em quando, lá fazem uma fiscalização de propaganda (para português ver) e lá descobrem carne podre ou imprópria (quem sabe de gato), pronta a entrar no mercado!... Em cada concelho abrem lojas chinesas... Numa política de expansão mundial, os chineses ocupam aos poucos o Mundo. Controlam os grandes grupos económicos (exemplo EDP), controlam os portos da Europa (exemplo Sul de Espanha), compram dívida pública em troca de "não sei o quê"... O Mundo já é dos Chineses, e Portugal não foge à regra!
- Criaram-se as armas nucleares... todos falam em controlo destas armas, mas todos as têm... a ligeira pressão de um indicador direito de alguém da Coreia do Norte ou no Irão, sobre um botão vermelho, é o suficiente para destruir tudo isto...

       Enfim... poderia continuar a dar exemplos de como a DEMOCRACIA é cada vez mais uma miragem!
       Por tudo isto e muito mais, não acredito nos partidos... Apenas acredito nas pessoas, e no Mundo há muito em quem acreditar. Infelizmente, quando voto, voto sempre num mal menor, naquele que nos dá mais garantias de não afundar logo o barco! Nenhum político pensa em reconstruí-lo... Não conhecem os pontos cardeais, não sabem navegar olhando os astros, não sabem aproar uma onda, não sabem a arte de bolinar para fugir aos ventos desfavoráveis, não reconhecem que o bombordo (lado esquerdo) é tão importante como o estibordo (lado direito), não tendo olhos para ver o outro lado e encarar a embarcação como um todo... Já não existem carpinteiros e marceneiros para cuidar e recontruir a nossa nau. Apenas existem calafates e de fraca qualidade! Vou votando nos "mestres" que apresentam os "menos maus" calafates e lá vão pondo uns remendos nos rombos do casco!
        As pessoas conseguem por vezes transformar coisas extraordinariamente belas em armas verdadeiramente mortíferas. A Religião e a Política são exemplo disso... Conseguiram utilizar a Democracia para camuflar uma espécie de Autocracia dominada pelo poder económico! Tudo um faz de conta!
        Será verdade? Não terei apenas acordado, sobressaltado por um pesadelo? "Nada parece verdadeiro que não possa parecer falso" (Montaigne). Se existe alguma ponta de verdade... é muito urgente deixarmos de fingir ... É muito importante respeitarmos todos os seres humanos enquanto pessoas fantásticas que são! É muito importante todos começarem por procurar esse caminho no seu interior!
       

P.S. Em tom de brincadeira, um dia, num grupo de colegas, falávamos em formar um novo "partido": O PQP (P*** Que Pariu) o Sistema! Como era mais um para dividir (e como alguém poderia entrar no Sistema "Faz de Conta"), a ideia nunca passou de uma brincadeira!