segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sobreviver sem Dinheiro

        Ao longo da história, o ser humano foi gradualmente se divorciando da Natureza, tornando-se uma ameaça, deixando de viver em harmonia com a mesma e consigo próprio. A cunhagem das primeiras moedas para a realização de trocas comerciais, foi o início desse descalabro exponencial, dando origem a um Sistema Financeiro, que culminou na crise que vivemos hoje. Quanto mais moedas ... mais poder! Quanto mais dinheiro... mais ganância! Quanto mais dinheiro... maior desvalorização dos valores que devem reger uma sociedade.
        Mesmo assim, e num passado não muito longínquo (basta ir à infância de meus pais ou avós), o dinheiro era algo que quase não existia. Meus avós viviam do que a Terra lhes dava. Trocavam os produtos hortícolas por bens que não tinham. Produziam carvão, atravessavam de barco o Canal de Vitorino Nemésio (Pico-Faial) e lá o iam trocar, por outros bens e, por vezes, a troca era por uns viténs! Esta troca por vinténs, foi encarada pelos governos como uma forma de financiar os estados. Criaram-se os impostos sobre as transações (Portugal - 23% IVA nos dia que correm, e não dá nem para "meia missa")!

        Hoje, com a política de austeridade, o desemprego, os cortes nos salários, a eliminação dos subsídios de férias e de Natal, levam ... à diminuição drástica dessas transações, não se apercebendo o Governo que uma Economia só funciona com o dinheiro a circular. A receita dos impostos diminui drasticamente, os juros da dívida pública aumentam exponencialmente, caímos no incumprimento com a Troika e... lá vem mais um empréstimo! Sabem... não sou economista, portanto devo ter uma ideia completamente errada! Uma coisa é certa... a crise que enfrentamos, não vem descrita nos manuais nem nos compêndios de economia, pelos quais os nossos governantes e economistas estudaram!
        Infelizmente, muitas pessoas já não podem viver da Terra e do que Ela lhes tem hipótese de dar, pois não têm aquele pedacinho de terreno! No entanto, temos de recorrer ao nosso instinto de sobrevivência! Temos de acreditar no potencial que está dentro de cada um de nós! Se não temos dinheiro... como podemos sobreviver?

        Sugestão para a Sobrevivência de uma Comunidade- Vamos Trocar o que Temos e o que Podemos Partilhar:
- quem tem terra... torne-a fértil e cultive-a... produza ! Troque esses produtos por bens que necessite, ou por um serviço de alguém que o possa prestar!
- quem não tem terra, procure a fertilidade que existe na sua alma e naquilo que é capaz de fazer (seu potencial humano e profissional). Porque não trocar com um vizinho um arranjo na canalização, por  uma saca de batatas e uma dúzia de ovos?
- quem tem lá em casa algo que não necessite e poderá ser útil para o próximo? Vejam o que há... o que podem trocar!
- quem ainda tem umas moedas... poderá sempre trocá-las pelos serviços ou produtos referidos (entre muitos outros)!

        Mudar hábitos e mentalidades enraizados e uma cultura de que nada se faz sem dinheiro, não é fácil! Temos de afastar muitos fantasmas inerentes ao materialismo e que nos assombram! Sem "unidade monetária", nestas trocas não podemos pensar nas perdas, como por exemplo: que raio, dei mais um minuto de trabalho do que devia, se calhar devia ter pedido mais uma batata! Temos de olhar para o coração e ver os ganhos...

        Ficam aqui dois sites que poderão ser uma ajuda para nós, neste novo paradigma social para enfrentarmos a crise.

- Banco do Tempo: http://www.bancodetempo.net/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=1

- Trocas: http://www.trocaqui.net/ ; http://www.trocagratuita.com/

        Peço às Câmaras Municipais que criem espaços para estas trocas (algumas já começaram com o "Banco do Tempo"). Porque não um mercado/feira semanal municipal (sem taxas, sem ir ao bolso), onde as pessoas podem dar e receber? É urgente criar estes espaços...

Meus governantes... ao lerem este post tiveram algum orgasmo intelectual para taxarem estas trocas? Deixem-se de tretas e deixem as pessoas (sobre)viver!

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