Natal... Noite mágica! Noite da Família ... noite de coisas boas que nos enchem a alma! Até aos meus 11 anos sempre acreditei no Pai Natal. Meus pais conseguiram manter essa magia, arranjando mil e uma artimanhas para tudo parecer real. Lá vêm alguns teóricos dizer que não se faz isso às crianças... tretas e mais tretas... Ser criança é isso mesmo... é viver num mundo da magia, do sonho, da inocência e da fantasia, onde o Mundo real passa todo ao lado. E... ainda bem que assim é ... a brincar é que uma criança descobre e experimenta, para um dia poder transformar o seu Mundo, o Mundo real! Poderão experimentar mil e uma profissões, poderão ser aviadores, poderão conduzir um ferrari ... tudo é possível em criança! Seria tão bom que todas as crianças tivessem a oportunidade de ser crianças e de não se tornarem adultas tão cedo!
Hoje, com muita saudade, recordo o meu Pai Natal... Este ano é o meu primeiro Natal sem ter a sua presença física no nosso Mundo, a presença do meu querido Pai Natal. Todos os anos, e enquanto o Alzheimer não se apoderou do seu cérebro, vestia aquele fato (feito por ela) e se disfarçava num Pai Natal real. Umas grandes barbas brancas, botas e cinto largo preto, barrigudo, óculos de sol, um guizo que tocava incessantemente, e aquele Oh! Oh! Oh!, eram os únicos vocábulos de alguém que vinha de muito longe, com outra língua, mas deixava transparecer, naquelas rosadas maçãs do rosto, uma alegria imensa! Vinha todos os anos deliciar e encantar o Natal dos seus netinhos.
Todos que a conheceram, tinham-lhe um grande carinho. A vida nunca lhe foi fácil... Ficou viúva com duas filhas menores (uma com 1 ano de idade). Com muitas terras e gado para tratar, tudo fez para que nada faltasse às suas filhas! Sozinha, enfrentou a vida sempre com aquele sorriso! Não havia alma que passasse a sua casa ou adega, que não entrasse para ser brindado com angelica (bebida tradicional do Pico) ou um dos seus licores. Amiga de todos e um coração que extravasava em muito o seu corpo! Mesmo depois de eu descobrir quem era o meu Pai Natal, para mim era sempre aquele Pai Natal misterioso que para além daquelas prendas (que raramente sabia para quem eram, provavelmente pelo efeito do Alzheimer ), enchia toda a casa com o seu Amor.
O meu Pai Natal é, nada mais nada menos, que a minha querida Avó Luzia (Luzia Menezes de Lima), conhecida pela Luzia do Urbano! Partiu no dia 18 de Maio de 2011. Apenas deixamos de ter presente o seu lindo rosto... pois ela vive todos os dias nas minhas filhas, vejo-a na minha mãe, sinto-a em mim! Uma saudade imensa ... mas, uma coisa é certa: Avó, serás sempre o Meu Pai Natal, serás sempre o Pai Natal dos teus netos e bisnetos... e estarás sempre presente nas nossas vidas enquanto o Natal existir! Um Feliz Natal a Todos!
NATAL 1976 (Yonkers, Nova Iorque)
Fotos Editadas e Oferecidas por Maria da Rosa (Tia Sãozinha)