segunda-feira, 5 de março de 2012

Novamente, em Busca da Lua...

        A vida é um ciclo. Nascemos crianças, crescemos ... chegamos aos "entas" e continuamos a nossa volta à volta desse círculo até sermos crianças novamente. É a forma como encaro a vida (imagem da vida feita por um Chefe Índio e que deixo no final do post)... Em criança tudo parece belo (pelo menos para aqueles que tiveram a sorte de ter alguém que os amasse). Em criança, adorava sentar-me sobre o basalto da costa dos Arcos (Ilha do Pico, Açores) e contemplar a Lua Cheia. Sempre que a olhava parecia ver um rosto, um rosto muito triste. Perguntava-me: "Como é possível uma Senhora tão linda, poder ter um rosto tão triste". Conseguia momentos de introspeção e de reflexão incríveis. Será que imitava a lua? Pois ela é por excelência um astro de reflexão, reflexão da luz solar. Poucas horas antes, vira o Sol desaparecer lá na Ponta da Ribeirinha (Ilha do Faial), como que se o dia estivesse a acabar. Passadas poucas horas, a esperança de que o dia não acabara, começava a dar sinais, lá por detrás da Ilha de São Jorge. Era aquela Senhora Linda e Triste, mas que me restabelecia a vida que o Sol levara consigo no horizonte ocidental. Meu pai dizia que meu avô via um senhor com um feixe de lenha às costas. Nunca o consegui ver, mas para uma pessoa que cortava lenha para o seu sustento, fazia toda o sentido... Isso levava-me a acreditar que cada um tinha a sua Lua!
        Com o passar dos anos... vieram os estudos, o trabalho e aos poucos, penso que fui deixando de ver a Lua. Pelo menos não me lembro de a ver nos últimos anos... Terei andado distraído? Terá a Lua deixado de nascer? Andarei tão ocupado que não tenho tempo para a contemplar? Terei tido azar com a meteorologia e as nuvens ofuscam-na?
       Sabem, penso que já fiz um dos semi-círculos da vida e preparo-me para contemplar o 2º. Tenho muita urgência em ver a Lua novamente. Tenho muita vontade de entrar no percurso para voltar a ser criança outra vez!  
       Nos meus tempos de criança, aprendi a compreender o poder da Lua: 
- na pesca... como provoca as marés (marés fortes as de Lua cheia e de Lua nova), ou por exemplo, ir ao caranguejo à noite antes da lua sair (maré baixa)...;
- nas plantas... a influência da Lua Cheia que aumenta a capacidade de fotossíntese (processo de auto-produção de alimento das plantas) e a circulação de seivas. Sabiam que na Lua Nova as seivas concentram-se nas raízes e nos caules, no quarto crescente fluem para as folhas, na Lua Cheia atingem as folhas (aumentando a fontossíntese) e finalmente, no quarto minguante refluem em direção ao caule e à raiz. Por isso, e como exemplo, uma planta que comece a brotar no quarto crescente crescerá muito mais, ou uma poda no quarto minguante ajudará a planta a não perder grande parte da sua seiva...
- no nascimento dos animais, apesar de haver muitas explicações para o fenómeno, a verdade é que o número de nascimentos tendem a aumentar nas mudanças de Lua;
- na influência da humidade e pela capacidade que tem em atraí-la. Quantas vezes ouvia... "Está a chover torrencialmente, pode ser que quando a Lua sair, deixe de chover"...
        Como vêem, a Lua não é apenas algo de místico e mágico... vai muito além disso, influenciando a nossa vida física e emocional. Depois há coincidências do caraças... Na Natureza, muito opostos tendem a atrair-se... A minha cara metade nasceu no quarto minguante... eu nasci no quarto crescente... Somos tão diferentes, mas tão interdependentes. O meu Ciclo de Vida só é completo com o dela! Será coincidência?
        Bem... Já me estou a esticar... mas não posso deixar uma pequena parte de uma carta de um Chefe Índio da tribo Sioux Oglala, chamado Hehaka Sapa ou Alce Negro, que nos explica a importância e o simbolismo do círculo (apesar da Lua ser esférica (quase), vêmo-la como um círculo):
   
Vocês já perceberam que tudo o que um índio faz está dentro de um círculo, isto porque o Poder do Mundo trabalha sempre em círculos e as coisas todas tentam ser redondas. Nos velhos dias, quando ainda éramos um povo forte e feliz, o nosso poder provinha do anel sagrado da nação, e enquanto este anel manteve-se intacto o povo floresceu. A árvore florida era o centro vivo do anel e o círculo dos quatro quadrantes a alimentava. O leste trazia a paz e a luz; o sul, o calor; o oeste, a chuva; e o norte, com seu vento rijo e frio, trazia a força e a paciência. Este conheci­mento foi a religião que nos trouxe do mundo exterior. Tudo o que o Poder do Mundo faz é feito em círculo. O céu e redondo e ouvi dizer que a terra é redonda como a bola, e as estrelas também. O vento, no seu máximo poder, rodopia. Os pássaros constroem ninhos em círculos, pois a religião deles é igual à nossa. O sol vem e vai num círculo, como a lua, e ambos são redondos.
Mesmo as estações formam um grande círculo em suas mudanças, voltando sempre ao ponto em que estiveram. A vida de um homem é um círculo de infância a infância, e assim em tudo o que o poder move. Nossas tendas eram redondas como os ninhos dos pássaros e dispostas em círculo, o anel da nação, um ninho de muitos ninhos que o Grande Espírito nos deu para gerar nossos filhos.

     

2 comentários:

  1. Helena Oliveira - Psicóloga06 março, 2012

    Kd era criança sonhava em mudar o mundo…hj k cresci acredito k mudo esse mundo com k sonhei...bem hajas amigo

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  2. Telma Rosa06 março, 2012

    Sempre gostei de apreciar a lua. Tem um enorme encanto sobre nós!:))

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