Liberdade. Um dos valores mais nobres e valiosos da humanidade. Tão difícil de atingir, tão fácil de perder. O Mãe Natureza deu liberdade a todos animais terrestres (os extraterrestres ainda ninguém os viu). Todos sem exceção! Quem nunca viu a elegância de um golfinho, numa liberdade sem igual, desenhando danças de encontro ao céu? Quem nunca viu o planar de uma gaivota e o vir “beijar a terra”, como que a agradecer à Terra Mãe pelas asas que lhe deu? Quem nunca viu uma minhoca perfurando a terra, fazendo o seu caminho, o seu labirinto, sem ninguém lhe dizer para onde ir? Quem nunca viu o olhar e o sorriso inocente de uma criança, com a esperança de um futuro livre?
O ser humano é o único animal que, ao se tornar adulto não sabe viver esta dádiva da Mãe Natureza. Portugal tem vivido muitas ditaduras. Foi nos tempos da monarquia, foi nos tempos de Salazar e foi depois do 25 de Abril, com um crescendo que tem vindo, aos poucos, ofuscando algo que alguém chamou de Democracia. É no mínimo curioso… quanto mais liberdade o ser humano consegue, mais regras, mais limites, mais muros e barreiras tem de construir! Saberemos viver em liberdade?
No tempo daquele senhor, que foi um dos maiores ditadores, morreu pobre, nunca enriqueceu à custa do estado e deixou uma fortuna em ouro e obra feita, apenas havia uma grande lei… ninguém podia contestar ou pôr em causa o seu Governo. De resto, havia leis, mas ninguém ouvia falar delas. Na realidade, havia muitas leis, mas não precisavam estar escritas em lado nenhum, pois parece que nasciam com as pessoas. Apenas ilusão… porque na verdade, o coração de grande parte das crianças, crescia em seios familiares com valores. Entre as pessoas havia a lei do Bom Senso, dos Valores, do Respeito. Havia a lei, de que mesmo com muita pobreza, todos os frutos resultantes de cada gota de suor, derramada com o trabalho de alguém, eram colhidos e saboreados pela família. Havia a lei de que se o vizinho não tivesse pão, numa fornada retiravam-se um ou dois para partilhar. Havia a lei de que poderia deixar a porta de casa aberta, porque ninguém vinha assaltar a casa. Havia a lei do respeito em comunidade.
Hoje temos leis e mais leis… Precisamos de advogados para interpretar a lei. Num caso judicial, surgem duas defesas diferentes, com interpretações diferentes... e vence aquele que melhor souber dar a volta à ambiguidade da lei. As leis são muros que mudam de cor consoante a humidade, tal como aquelas peças decorativas de previsão meteorológica.
Hoje temos leis e mais leis… e vemos senhores e mais senhores a infringi-las com uma imunidade incrível. Muitos são os donos do mundo e quem as criou. Como é possível uma pessoa reconhecida e já ter sido um dos grandes políticos da nossa dita democracia, ser apanhado a 190 kms à hora? Como é possível o pagamento dessa multa ser feito pelos contribuintes? Como é possível uma enormidade de tantos outros exemplos … que todos sabem e nenhuma lei os para? Será isto liberdade?
Como é possível alguns destes senhores se juntarem aos Capitães de Abril na comemoração do dia 25? Como é possível os rostos dos verdadeiros heróis do 25 de Abril (tais como Salgueiro Maia e Vasco Lourenço) passarem para 2º plano e haver esses senhores que aparecem em primeiro plano, como se todo o mérito da revolução dos cravos lhes fosse creditado? Como é possível, esses senhores terem andado na Casa Mãe da Democracia a criar e a defender leis que hoje discordam delas ou as infringem… Mais grave… que tomaram decisões que nos conduziram a este beco sem saída e que alguém ainda chama de liberdade? Não serão estes senhores os verdadeiros pais desta Liberdade em que vivemos?
“Tudo isto é triste, tudo isto é fado”. Não consigo ver liberdade, onde há um papão que consome todo o nosso trabalho. Não consigo ver liberdade num país onde me sinto roubado, em cada compra feita, em cada passo dado, em cada decisão tomada pelo Governo em prol do pacto com o diabo (Troika). Não consigo ver liberdade onde muitos têm de roubar para comer. Não consigo ver liberdade num país onde muitos não têm ordenado (ou tem ordenado baixo) e outros senhores com nenhuma ou pouca obra (trabalho) feita(o), vivem com ordenados milionários. Não consigo ver liberdade onde grande parte da população deixou de sonhar. Simplesmente… não consigo ver liberdade!
Existe uma liberdade que ninguém nos tira. É a liberdade de nos deitarmos à noite, olhar para trás, e ter a consciência limpa e livre, guiada pelos mais nobres valores, que os nossos pais e avós nos ensinaram! Viva a liberdade que ainda nos resta!
A liberdade que nos resta é mínima! Receio que, em breve, seja reduzida a 0. Nem o adormecer de consciência tranquila me sossega. Poucos são aqueles que ainda têm consciência. Estamos a chegar a um ponto em que tudo é válido para chegar primeiro. Infelizmente, Rui Rosa, os valores de que tão bem falas e que defendes estão em vias de extinção. Para onde caminhamos? Eu já não sei...
ResponderExcluirAmiga... é tão bom saber que navegamos no mesmo barco... Abraço.
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