O Mundo é demasiado pequeno para alguém falar em coincidências. Reconheço que isso é uma realidade, mas não consigo deixar de afirmar "Há coincidências do caraças!" ou no mínimo, há episódios da nossa vida que nos parecem incríveis e nos levam a questionar "será que foi coincidência"? Hoje deixo-vos com um desses episódios, que me levou a viajar pelos confins das minhas memórias perdidas.
O meu amplificador AV avariou há cerca de um ano. Adoro curtir o som de um bom CD, como é o caso deste preciso momento, ao escrever com o som do album "Clapton Chronicles - The Best of Eric Clapton". Na altura da avaria, desmontei o aparelho e descobri vários componentes queimados. Ferro de soldar e lá substitui os componentes. Funcionou bem durante alguns meses, mas voltou a ter problemas. Teria de substituir uma placa que não era muito barata. Com a crise e a troika, comprar um novo estava fora de questão. Arrisquei procurar no mercado de usados (OLX) e desde setembro último que andava de olho num aparelho da Yamaha, tendo-o negociado e trocado vários e-mails com o seu proprietário.
Passados dois meses, numa das minhas viagens madrugadoras a Lisboa para deixar minha Tia no aeroporto, arrisquei ligar ao proprietário para ver o amplificador. Combinámos às 8 da manhã. Cheguei ao local combinado, e ele, do seu apartamento, foi dando as indicações até chegar à sua porta. Toquei à campainha, subi o elevador... Quando o dono do amplificador abriu a porta... nenhum de nós podia acreditar... Passado quase um quarto de século, dois amigos voltavam-se a encontrar. O dono daquele amplificador era o meu amigo de infância e de juventude, o Pedro, que todos os anos ia passar as suas férias de Verão aos Açores (terra Natal do Pai), naquela mágica localidade, chamada Arcos, ali mesmo à beirinha do Meu Querido Mar. Foi um momento deveras mágico, talvez pelo número de primaveras que já se passaram e pelos cabelos brancos que já temos. Reavivámos muitas memórias e trocámos milhões de sorrisos. A vida realmente passa num sopro... Tudo passa tão depressa...
Passados dois meses, numa das minhas viagens madrugadoras a Lisboa para deixar minha Tia no aeroporto, arrisquei ligar ao proprietário para ver o amplificador. Combinámos às 8 da manhã. Cheguei ao local combinado, e ele, do seu apartamento, foi dando as indicações até chegar à sua porta. Toquei à campainha, subi o elevador... Quando o dono do amplificador abriu a porta... nenhum de nós podia acreditar... Passado quase um quarto de século, dois amigos voltavam-se a encontrar. O dono daquele amplificador era o meu amigo de infância e de juventude, o Pedro, que todos os anos ia passar as suas férias de Verão aos Açores (terra Natal do Pai), naquela mágica localidade, chamada Arcos, ali mesmo à beirinha do Meu Querido Mar. Foi um momento deveras mágico, talvez pelo número de primaveras que já se passaram e pelos cabelos brancos que já temos. Reavivámos muitas memórias e trocámos milhões de sorrisos. A vida realmente passa num sopro... Tudo passa tão depressa...
Um dia o Pedro quis experimentar uma sessão de caça submarina. Combinámos um mergulho com saída dos Arcos com chegada ao Cabrito (a cerca de 2 kms de distância). Era final do dia, o estado do Mar apenas deixava "arrear" ou "varar" ali, por "Detrás da Baixa"(Arcos) ou no Cabrito. Nada que já não fosse rotineiro, pois naquela costa escarpada (ver http://serounaoserverdade.blogspot.pt/2012/08/os-meus-guardioes.html), quando o mar tem um "reboiço", não existem muitas opções. Equipámo-nos. O Pedro, o meu amigo e companheiro de mergulho, Jorge Freitas, e eu. Saltamos na água. Fomos apanhando uns peixes. Quando chegámos à zona do Caminho do Limoeiro grande parte dos peixes de maior porte deixava-se apanhar com relativa facilidade, sinal de que existia algum predador (e não éramos nós, pois eles podem fugir porque nadam melhor que nós) por perto que os atacaria pelas vibrações de movimentos bruscos. Mergulhei e arpoei uma "veja" e por detrás de mim lá passou, nas suas calmas, um tubarão. Nada de especial, era apenas mais um dos muitos que já tinha visto. Contudo, o Pedro que não estava muito habituado aquelas andanças, viu o seu coração disparar... Eu e o Jorge conseguimos acalmá-lo por momentos, pois teríamos de nadar mais de 1 km se quiséssemos sair da água. Apanhámos mais uns peixes no local e fomos até à zona da Ermida do Cabrito. De repente começaram a surgir mais e mais tubarões que começaram a ficar nervosos com a vibração dos peixes que pendiam nos arcos fixos às bóias. Começaram a passar por nós como relâmpagos. 10, 20, 30, enfim... já começavam a ser muitos. A noite já começava a cair e a maré corria com muita força para vazante (no sentido São Roque-Faial) e estávamos com alguma dificuldade em continuar no sentido do Cabrito. Decidimos regressar ao ponto de partida. Chegámo-nos o mais possível para junto da costa e da rebentação. Os tubarões seguiram-nos até às "Lajinhas" sempre a fazer "razias" e nervosos com toda aquela comida que vibrava nas nossas bóias. Decidimos nunca deixar o peixe que tínhamos capturado. Foi a primeira vez que tinha visto tão grande cardume de tubarões e tão nervosos. Para o Pedro, foi um dia que jamais lhe sairá da memória e provavelmente o último de caça submarina na sua vida.
Nesse dia à noite, o Jorge, o meu companheiro de mergulho, contava na Tasca do Luís, o nosso encontro com os tubarões. Luís (não o dono da Tasca), um mergulhador experimentado, disse que toda aquela história não passava de uma fantasia do Jorge, dizendo-lhe, no gozo, que tínhamos confundido umas garoupinhas com tubarões. Jorge convidou-o para um mergulho no local no dia seguinte. Veio à minha adega combinar o mergulho. No dia seguinte, apesar do Mar estar mais bravo, lá entrámos por "Detrás da Baixa". Chegado ao local, mergulhei a um buraco e quando esperava um sargo para o tiro, passou mesmo ao meu lado um tubarão Mako (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tubar%C3%A3o-mako), já com um tamanho considerável. Lá em baixo conseguia ouvir as vibrações das cordas vocais do Luís a gritar. Quando subi o Jorge dizia-lhe a rir... "Então Luís... com que então são umas garoupinhas?". Luís não se sentia nada confortável com a situação. Não podia ir para Terra, pois naquele local seria morte certa devido às escarpas e à rebentação das ondas. Deixou logo atrás o seu peixe. Os tubarões começaram a surgir em grande número na zona. Eu e o Jorge aproveitámos o belo dia de peixe e a calma do peixe (para não permitirem a sua localização pelos tubarões). Bela pescaria que já tínhamos.
Decidi ir um pouco mais fora atrás de umas "bicudas". Passados uns minutos ouvi grandes gritos. Fui ao encontro de Jorge e Luís. Um tubarão decidiu atacar o peixe que estava na bóia do Jorge. Traçou uma "veja" e abriu o arco do peixe. Com o peixe desventrado e espalhado, estava-se a proporcionar um excelente banquete para aquelas dezenas de tubarões. Começaram novamente a ficar muito nervosos e a nadar velozmente com investidas para se alimentarem dos peixes moribundos. A imagem que não me sai da cabeça é a daqueles olhos azuis arregalados de Luís e a gritar: "Deixem-me ir para terra! Vou e "esgadanho" pela rocha acima". Conseguimos segurá-lo e não deixá-lo fazer tamanha loucura.
Continuámos a nadar até ao Cabrito. O Jorge perdera grande parte do seu peixe e decidira deixar toda a pescaria para trás, para ver se os tubarões nos deixavam de acompanhar. Eu jamais poderia deixar para trás aquela minha bela pescaria. Dois dos tubarões maiores e mais calmos, decidiram escoltar-nos. Íamos os 3 lado a lado, com o Luís no meio. Um desses tubarões deu a volta e vinha de frente na nossa direção. Apontei-lhe o arpão à cabeça, mas a última coisa que queria era dar-lhe um tiro, pois a suas vibrações com certeza que chamariam os tubarões novamente e a probablidade da coisa correr mal era quase de 100% (com a perda da minha arma). Quando se aproximou demasiado dei-lhe com a coronha da arma na cabeça e ele divergiu por baixo de nós. Aquela "coronhada" parece que o assustou um pouco, pois não voltou a aproximar-se de nós.
Quando chegámos à "Laja do Risco" (Cabrito), local que costumamos "varar" quando o mar está mais calmo, o Luís não conseguia aguentar mais com tanta "emoção". Convenceu o Jorge a subir para terra. No local não era nada aconselhado, com a ondulação que estava. Nadaram como desalmados para dentro, sem ver se vinha ondulação ou não. Ainda gritei para que esperassem um pouco, mas não me quiseram ouvir. Uma onda arrastou-os até terra, tendo perdido as máscaras de mergulho e outro equipamento. O Jorge conseguiu agarrar-se a uma rocha. O Luís deitou-lhe uma mão à perna para se segurar e o Jorge com os nervos, por momentos pensou que era a boca de um tubarão. Soltou um grito ensurdecedor. Com muita sorte lá conseguiram sair da água, apenas com algumas escoriações. Depois de alguma espera, lá consegui sair da água...
Decidi ir um pouco mais fora atrás de umas "bicudas". Passados uns minutos ouvi grandes gritos. Fui ao encontro de Jorge e Luís. Um tubarão decidiu atacar o peixe que estava na bóia do Jorge. Traçou uma "veja" e abriu o arco do peixe. Com o peixe desventrado e espalhado, estava-se a proporcionar um excelente banquete para aquelas dezenas de tubarões. Começaram novamente a ficar muito nervosos e a nadar velozmente com investidas para se alimentarem dos peixes moribundos. A imagem que não me sai da cabeça é a daqueles olhos azuis arregalados de Luís e a gritar: "Deixem-me ir para terra! Vou e "esgadanho" pela rocha acima". Conseguimos segurá-lo e não deixá-lo fazer tamanha loucura.
Continuámos a nadar até ao Cabrito. O Jorge perdera grande parte do seu peixe e decidira deixar toda a pescaria para trás, para ver se os tubarões nos deixavam de acompanhar. Eu jamais poderia deixar para trás aquela minha bela pescaria. Dois dos tubarões maiores e mais calmos, decidiram escoltar-nos. Íamos os 3 lado a lado, com o Luís no meio. Um desses tubarões deu a volta e vinha de frente na nossa direção. Apontei-lhe o arpão à cabeça, mas a última coisa que queria era dar-lhe um tiro, pois a suas vibrações com certeza que chamariam os tubarões novamente e a probablidade da coisa correr mal era quase de 100% (com a perda da minha arma). Quando se aproximou demasiado dei-lhe com a coronha da arma na cabeça e ele divergiu por baixo de nós. Aquela "coronhada" parece que o assustou um pouco, pois não voltou a aproximar-se de nós.
Quando chegámos à "Laja do Risco" (Cabrito), local que costumamos "varar" quando o mar está mais calmo, o Luís não conseguia aguentar mais com tanta "emoção". Convenceu o Jorge a subir para terra. No local não era nada aconselhado, com a ondulação que estava. Nadaram como desalmados para dentro, sem ver se vinha ondulação ou não. Ainda gritei para que esperassem um pouco, mas não me quiseram ouvir. Uma onda arrastou-os até terra, tendo perdido as máscaras de mergulho e outro equipamento. O Jorge conseguiu agarrar-se a uma rocha. O Luís deitou-lhe uma mão à perna para se segurar e o Jorge com os nervos, por momentos pensou que era a boca de um tubarão. Soltou um grito ensurdecedor. Com muita sorte lá conseguiram sair da água, apenas com algumas escoriações. Depois de alguma espera, lá consegui sair da água...
O Luís, homem experimentado na caça submarina, dizia que uma das melhores coisas que fazia na vida era a prática de caça submarina. A partir desse dia... nunca mais quis ter esse prazer!
Ah... ok... e já agora... informo que acabei por ficar com o amplificador Yamaha do qual estou a ouvir Eric Clapton... Foi o primeiro aparelho eletrónico que comprei com a garantia e o selo da amizade! Abraço ao Pedro!
Ah... ok... e já agora... informo que acabei por ficar com o amplificador Yamaha do qual estou a ouvir Eric Clapton... Foi o primeiro aparelho eletrónico que comprei com a garantia e o selo da amizade! Abraço ao Pedro!
Awesome,agora eu acredito na história do Jorge. Eu ja fiz essa viagem, mas nunca encontrei tubarões .Fiz uma copia para dar o Jorge. Obrigado, nice story .
ResponderExcluirO Jorge gosta de pregar umas "petas" de vez em quando. Foi por isso que o Luís não acreditou. Naquele ano, as águas aqueceram muito e os tubarões vieram para a costa. Também havia muitas tartarugas (um dos alimentos preferidos dos tubarões). Já tinha visto tubarões, mas tantos e tão "nervosos"/ativos... nunca. Das centenas de vezes que fiz aquela viagem, devo ter encontrado tubarões apenas uma meia dúzia de vezes. Lembro-me do meu pai apanhar nas redes do barco 37 só de uma vez (fora os que se desprenderam)... Ficaram as redes todas rebentadas... Bastava andar por cima da rocha e ver as "barbatanas" deles a passar. Abraço para ti e para o Jorge.
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