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Fotografando o Espírito da Montanha do Pico |
A Magia da Ilha do Pico arrasta o tempo para o vácuo. Graças aos registos das passagens aéreas, sabemos que cá chegámos à cerca de um mês, contudo o tempo desapareceu e deixou de ser mensurável. Cada momento vivido perdura na nossa memória, na nossa alma... no nosso coração, tornando-se eterno. Por outro lado, as unidades de medida do tempo, tais como os segundos, os minutos, as horas e os dias, voam, tão rápido, para o vácuo e deixam de existir... Já estamos de bagagens para regressar ao Ribatejo!
Um dos nossos desafios deste ano era escalar a Montanha do Pico. Sem unidades de tempo, trilhámos mais um Verão sem nos apercebermos. Tudo passou tão rápido e ainda não tínhamos concretizado esse sonho da nossa filha mais velha. O Espírito da Montanha sussurrou-me ao ouvido... "ou vão durante a próxima noite, ou as condições meteorológicas já não serão favoráveis até à vossa partida para o Continente"! A Montanha mantivera-se completamente forrada de nuvens durante o dia. A previsão meteorológica na RTP Açores, das 19h55, contrariava o sussurro do Espírito da Montanha. Às 21h00, a Montanha começou a espreitar, por detrás das nuvens e às 22h00 o Pico estava completamente descoberto do lado Norte (o nosso lado)! A Lua preparava-se para sair, um prenúncio de que as nuvens se afastariam. Por outro lado seria a luz que nos guiaria na escalada.
Preparámos as mochilas e o equipamento... 1h30 da manhã acordei e fui ver a Montanha... Perfeito... Vento Sul fraco, a Lua a refletir a sua luz naquela encosta idílica... Acordei a minha querida esposa e a nossa filhota, para a realização de mais um dos seus sonhos. Já a tinha preparado psicologicamente para a escalada, explicando todas as suas dificuldades. Ela dizia-nos "A vontade move montanhas"!
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7h00 - Cratera do Vulcão |
Rumámos ao sopé da Montanha e iniciámos a escalada às 3h00 da manhã! Uma escalada com quase 5 quilómetros de extensão, mas com os zigue-zagues, a procurar o melhor caminho, ultrapassa em muito essa distância. De bordão na mão lá fomos devorando a escalada, lentamente, muitas vezes de "tração às 4"! Apenas acendíamos as lanternas, para ultrapassar os obstáculos que estavam na sombra, pois a Lua nunca nos abandonou. Às 7h00 da manhã, estávamos na "varanda" norte da Cratera a contemplar o nascer do Sol, com vista para Santa Luzia e para as Ilhas do Faial, São Jorge e Graciosa (a Terceira estava completamente forrada de nuvens). Por detrás de nós e da Montanha, lá bem em baixo, desde a freguesia de São Mateus e dando a volta pela costa Sul até à Prainha do Norte, um manto cerrado de nuvens cobria a montanha até ao horizonte. Faltava-nos o último desafio... escalar o Piquinho e atingir o ponto mais alto de Portugal. Escalámos pela escarpa norte, entre piroclastos e enormes aglomerados de calhau solto. Entretanto um leve nevoeiro aproximou-se... No meio do nevoeiro surgiu o Espírito da Montanha, envolto por um arco iris! Veio nos cumprimentar e agradecer a nossa presença! Não era mais do que uma ilusão ótica (das muitas que já vi aquando das muitas escaladas que fiz ao Pico), provocada pela refração da luz solar (por detrás de nós), que projetava a nossa sombra no leve nevoeiro. Estávamos separados por alguns metros e cada um de nós apenas conseguia ver e fotografar a sua sombra... o seu espírito... Era o espírito de cada um de nós que nos falava! Era o Espírito da Montanha que estava dentro de nós!
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O Espírito que nos Acompanhou |
Pé após pé, braço após braço, lá chegamos ao topo deste pedaço de Mundo! Tínhamos chegado...! Estávamos no meio do calor das fumarolas, com o cheiro a enxofre, a contemplar aquela enorme cratera com cerca de 700 metros de diâmetro e uma imensidão de mundo em nosso redor! Comemorámos com um forte abraço! Ainda fizemos, lá bem no topo uma Cache e completámos um desafio do Geocaching.com, com a foto de um "vôo da águia"!
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Início da Descida |
10h00 iniciámos a descida, sempre acompanhados pelo Espírito da Montanha do Pico. Foi uma descida lenta e de contemplação, com um Céu Azul fantástico sobre nós. As nuvens começavam a cercar o Pico do lado Norte e do lado Sul, no entanto aquele corredor de Céu Azul mantinha-se aberto até ao nosso destino! Coincidência ou não, sorte ou não, ao arrumarmos o equipamento e entrarmos no carro, aquele corredor fechou-se de nuvens e começou a chover torrencialmente! O Espírito da Montanha do Pico, acabara de nos deixar! Obrigado por esta viagem fantástica, pois desde o dia 6 de Agosto (dia da Escalada) nunca mais vimos a Montanha e para os próximos dias as previsões meteorológicas são pouco animadoras.
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Início da Escalada a partir das Furnas |
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Piquinho à Chegada |
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Varanda Norte da Cratera. São Jorge e Graciosa ao Fundo. |
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Faial ao Fundo. |
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Costa Norte da Ilha do Pico
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Escalando o Piquinho |
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Descida do Piquinho (lado Sul). |
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Desafio "Geocaching.com": "Foto do Vôo da Águia no Topo". |
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Descendo do Piquinho para a Cratera. |
Que fantástica escalada...
ResponderExcluirUm dia que ficará gravado na memória dos 3, principalmente da filhota.
Obrigada pela partilha da experiência, pelas imagens que nos "levam" ao pico, pela amizade...
Boa viagem de regresso.
Até breve.
BJs. Guida.
Guida, é sempre tão bom ter notícias vossas e saber que estão sempre presentes. Aquele abraço enorme da Família Rosa para a Família Lopes.
ExcluirDuvido muito que fosse ilusão ótica... :-)
ResponderExcluirInsondáveis mistérios da nossa Existência!
Saúdo-vos e Abraço-vos
Aguardo o Vosso regresso a terras do ribatejo
Um imenso abraço
Marina
O teu abraço do tamanho do Pico, chegou cá... A ilusão ótica é apenas o que a câmara captou... Quem lá esteve teve outros olhos para sentir e ver a presença do Espírito!:))))
ExcluirAquele grande abraço da Família Rosa para ti, Marina, e todos aqueles que te rodeiam (incluindo os que são ilusão ótica no momento da fotografia).